12 de dez. de 2010

EM ANO ELEITORAL, ABIN GASTA MAIS 45% COM CARTÕES

jornal O Globo 11/12/2010 - Leila Suwwan

Em ano eleitoral, os gastos sigilosos da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) efetuados por meio dos cartões de pagamentos do governo federal chegaram a R$ 9,8 milhões até outubro, 45% a mais do que o total do ano passado. As despesas podem alcançar cerca de R$ 11,7 milhões até o fim do mês. De acordo com a agência, o uso do cartão acompanhou o aumento do orçamento e das "ações de inteligência".

Nos últimos dois anos, a Abin gastou R$ 6,8 milhões e R$ 6,6 milhões por meio dos cartões. O último pico de gastos desse tipo aconteceu em 2007, ano dos Jogos Pan-Americanos no Rio de Janeiro, quando a agência gastou R$ 11,6 milhões. De acordo com a CGU, o orçamento da Abin aumentou de R$ 351 milhões para R$ 421 milhões. A fatura dos cartões acompanhou esse acréscimo, que gira em torno de 2%.

A Abin argumenta que os cartões são usados diretamente nas "operações de inteligência" e que o sigilo é estratégico. Segundo a assessoria, a agência "está mais ativa devido à crescente importância do Brasil no mundo e à necessidade de defesa dos interesses estratégicos nacionais".

Apesar do aumento de gastos, a conta dos cartões do governo, até outubro, não apresentou crescimento significativo. Descontada a fatura do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatístico) - cujos gastos oscilam de ano a ano -, a conta está em R$ 54,1 milhões, contra R$ 58,2 milhões de 2009. Caso siga a tendência e feche em cerca de R$ 64 milhões, estará pouco acima da inflação acumulada do ano, que é de 5,25% (INPC).

No geral, o governo gastou nos primeiros dez meses do ano R$ 71,2 milhões. O valor inclui R$ 17,1 milhões relativos aos cartões de funcionários do IBGE - que neste ano promove o Censo. Em 2009, a conta final dos cartões fechou em R$ 64,5 milhões.

Após o escândalo da "farra dos cartões", revelado no início de 2008, a CGU determinou mudanças no mecanismo para evitar abusos e aumentar a transparência. Com a extinção das contas "tipo B", em que funcionários usavam saques e cheques com difícil fiscalização das prestações de contas internas feitas em papel, os gastos gerais do governo com "provimento de fundos" caíram dramaticamente. Passaram de um total de R$ 168,6 milhões, em 2007, para R$ 84,5 milhões, em 2008. Esse patamar tem sido mantido.

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