jornal Valor Econômico 03/11/2011 - Aline Lima e Fábio Pupo
Depois de admitir que tem interesse na entrada de mais parceiros em sua sociedade, a companhia Serviços e Tecnologia de Pagamentos (STP) negocia o ingresso da Redecard em seu capital. A Cielo e fundos de "private equity", que compram participações em empresas, também estudam integrar o capital social da STP, proprietário dos sistemas de pagamento eletrônico de pedágio e estacionamento Sem Parar e Via Fácil.
Segundo o Valor apurou, a Redecard já teria apresentado uma proposta e recebido - cerca de 15 dias atrás - uma contra-proposta dos controladores da STP. Executivos da Cielo teriam admitido em uma reunião com investidores, há um mês, que a empresa está examinando o projeto. Procuradas, a Redecard não atendeu à reportagem e a Cielo informou que não comenta o que classificou de rumores.
A STP teria levado aos potenciais interessados uma proposta em aberto - ou seja, eles estariam livres para negociar tanto uma participação minoritária como majoritária na empresa. O objetivo inicial da STP é fechar a transação até o fim do ano. O executivo de um dos acionistas da STP chegou a dizer, no mês passado, que em 15 dias o negócio teria uma definição - prazo que se encerraria amanhã.
Pessoas envolvidas no processo, no entanto, acham pouco provável que o negócio seja concluído até dezembro, dada sua complexidade. "Ainda há muito trabalho a ser feito e faltam praticamente 45 dias para o fim do ano", explica uma fonte a par das negociações. "Um processo de 'due diligence', por exemplo, leva semanas para ser realizado", ressalta.
Hoje, o sistema da STP funciona como uma espécie de serviço de crédito. O motorista que usa o dispositivo passa pela praça de pedágio e, somente no fim do mês, recebe a fatura para efetuar o pagamento. Em entrevista ao Valor há dois meses, Pedro Donda, presidente da STP, disse que a intenção é justamente ampliar esse serviço e transformar a tecnologia em uma espécie de cartão de crédito para pagamento em postos de gasolina e fretes de caminhoneiros.
Para ampliar essa operação, no entanto, a companhia precisaria conhecimento operacional de uma empresa ligada ao serviço de crédito. Além disso, a STP poderia transferir parte do risco de crédito às instituições financeiras controladoras de Redecard (Itaú) e Cielo (Banco do Brasil e Bradesco). Por esses motivos, segundo especialistas do setor, a entrada de qualquer uma das companhias na participação da STP "faz sentido".
Donda disse, em congresso de rodovias na última semana em Foz do Iguaçu (PR), que as negociações não estão definidas. Perguntado se o novo sócio ocuparia posição majoritária na companhia, ele informou que "todas as possibilidades" são estudadas e chegou a mencionar uma possível parceria com a Visa para as operações. Segundo o executivo, os atuais acionistas teriam de ceder, cada um, parte do capital para o novo sócio.
Na avaliação de especialistas, fundos de private equity não fariam questão do controle, mas sim de uma cadeira no conselho de administração. O BTG Pactual foi contratada pela STP para assessorar a operação.
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