jornal Brasil Econômico 01/11/2011 - Cláudia Bredarioli
Há cerca de um ano, a Sorocred, que atua focada no atendimento das classes populares, abriu uma financeira para ampliar a oferta de produtos para esse público e prevê que em pouco tempo terá condições de se tornar um banco voltado para esse estrato social. Antes restrita à emissão de cartões de crédito, a companhia agora se embrenha também em financiamento para aquisição de bens de valores mais altos, como eletrodomésticos e carros.
“Enquanto a indústria se mobiliza para gerar novos produtos para as classes C, D e E, nós nos organizamos para oferecer a outra ponta, o crédito para que eles tenham acesso a esses produtos”, informa Wilson Justo, diretor da Sorocred. A Sorocred emitiu cerca de 700 mil cartões neste ano e credita boa parte de seu crescimento à flexibilidade nas negociações que oferece.
Mas os planos para a expansão da atuação em cartões continuam. Neste ano, a empresa já fechou acordo com a Redecard para aumentar a aceitação de seus cartões e, para o ano que vem, já tem um acordo com a Cielo na mesma linha, com pretensão de chegar a cerca de 2 milhões de estabelecimentos no Brasil até o fim de 2012. Hoje a Sorocred tem parceria com 150 mil pontos de venda no país. “O que percebemos é que nossos clientes, que antes praticamente só circulavam em seus próprios bairros, compraram carros, conquistaram mais mobilidade, e hoje querem que seu cartão seja aceito em qualquer lugar”, afirma Justo.
A instituição financeira não divulga a taxa de juro cobrada por seus financiamentos -muitos feitos diretamente pelos lojistas com os quais têm parcerias. Segundo dados do Banco Central (BC), a taxa média cobrada pelo crédito pessoal no país é de cerca de 50% ao ano e o cheque especial das pessoas físicas custava 186,7% ao ano em setembro. Em geral, analistas avaliam que os custos cobrados por financeiras como a Sorocred se aproximam mais das taxas do cheque especial do que da média de crédito pessoal.
“O crédito cresceu em todas as categorias, mas na classe D esse crescimento chama mais atenção porque houve uma parcela grande da população que começou a conseguir comprovar renda e endereço, o que a insere na formalidade”, afirma Miguel de Oliveira, vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac). Segundo ele, justamente em razão da ampliação desse volume de movimentação de crédito os grandes bancos também começam a atender a esse público. “Passaram a oferecer um produto como o crédito consignado (financiamento com desconto direto em folha de pagamento e juros baixos), porque o volume valia a pena”, diz. De modo geral, contudo, Oliveira destaca que o crédito no Brasil ainda tem muito a crescer. Não só nas camadas populares. “É muito pouco o crédito representar apenas 48% do PIB brasileiro”.
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