23 de nov. de 2011

CREDENCIADORAS APOSTAM EM SERVIÇOS PARA SE DIFERENCIAR

jornal DCI 16/11/2011 - Marcelle Gutierrez

Desde a abertura do mercado de cartões em julho de 2010, quando ocorreu o fim da exclusividade entre credenciadoras e bandeiras, Cielo e Redecard mantêm a participação de quase 100% do segmento. A hegemonia, na opinião de especialistas, deve continuar e, para serem mais competitivos, os novos concorrentes devem apostar na diferenciação de produtos e serviços. O Santander, em parceria com a GetNet, por exemplo, faturou R$ 6,775 bilhões nos primeiros nove meses de 2011 e aposta na integração com serviços bancários para expandir os negócios.

As empresas de adquirência são responsáveis pelo processamento das operações entre o estabelecimento comercial e as bandeiras. O interesse no segmento é justificado pela ampla expansão do mercado de cartões nos últimos anos. Segundo dados da Associação Brasileira das Empresas de cartões e Serviços (Abecs), 72,4% da população possuem algum tipo de cartão, seja de crédito, de débito ou emitido por loja (private label). O faturamento até outubro de 2011 chega a R$ 529,391 bilhões, com 6,640 trilhões de transações e 6,548 trilhões de plásticos emitidos.

Para Álvaro Musa, presidente do Congresso C4 e antigo executivo de mercado, no qual foi presidente da Credicard, os próximos anos devem continuar a apresentar crescimento. "Com certeza deve manter a expansão, porque o volume transacionado continua a crescer, mesmo com eventual redução dos preços. O aumento é significativo."

No entanto, o especialista não divisa mudanças significativas de liderança. "A disputa entre Cielo e Redecard está mais aguçada, o que beneficia o comerciante, mas não há mudanças drásticas." Musa ressalta que a diferenciação de serviços se caracteriza como uma opção estratégica para as companhias que almejam o crescimento neste setor.

Com o início das operações em março de 2010, o Santander oferece produtos e serviços de adquirência em parceria com a GetNet. Mas o diferencial competitivo fica por conta da integração com os serviços financeiros, ressalta Ramón Camino, diretor-executivo de Pequenas e Médias empresas do Santander. "Somos o único banco com adquirente e que oferece serviços integrados."

A integração à qual Camino se refere é a Conta Integrada, que reúne em um mesmo terminal produtos bancários para pessoa jurídica, como conta corrente, máquina POS que aceita as bandeiras Visa e MasterCard, antecipação de recebíveis etc. De março a dezembro de 2010, o faturamento chegou a R$ 1,990 bilhões, com 26,8 bilhões de transações. Do total, R$ 1,249 bilhões corresponderam a operações de cartões de crédito, e R$ 740 milhões, às de débito.

Em 2011, de janeiro a setembro, os volumes apresentados são significativamente superiores, com R$ 6,775 bilhões de faturamento e 88,1 bilhões de transações. O segmento de cartões de crédito somou R$ 4,273 bilhões, com 40,2 bilhões de transações, e de débito totalizou R$ 2,502 bilhões e 47,9 bilhões de operações. Ao todo, são 200 mil os estabelecimentos credenciados até o terceiro trimestre deste ano, e 24 mil as novas contas.

O diretor Ramón Camino define como principal objetivo do Santander Adquirência o atendimento a clientes pessoa jurídica já existentes e a conquista de novos. "Temos o objetivo claríssimo de atrair clientes. Esperamos para o próximo ano incrementar a base, ultrapassando muito os 200 mil atuais." O executivo reforça que o mercado brasileiro está robusto, e que por isso espera que 2012 seja positivo para a instituição financeira.

Entre as estratégias de captação de novos clientes, o Santander passa a oferecer, a partir deste mês de novembro, benefícios para as empresas que utilizam a máquina POS do banco, como desconto permanente de até 100% no valor do pacote de serviços da conta corrente, taxa de 1,7% ao mês em antecipação de recebíveis para empresas com faturamento a partir de R$ 3 mil por mês e de 1,2% para as que faturam mais de R$ 30 mil mensais, além de descontos no aluguel de equipamentos que variam de R$ 25 a R$ 100 por mês.

"Com as vantagens, uma empresa que fatura até R$ 300 mil por ano faz economia de R$ 3 mil. A vida do empresário não é ganhar prêmios em sorteios, mas reduzir custos", aponta Camino.

Redecard e Cielo

Com 56,7% de participação de mercado (market share, em inglês), a Cielo atingiu lucro líquido de R$ 457,6 milhões, acréscimo de 8% na comparação com o do segundo trimestre deste ano e 6,3% inferior ao de igual período de 2010. A receita total somou R$ 1,211 bilhão no trimestre. Na divulgação do balanço, o presidente da companhia, Rômulo Dias, creditou a queda dos ganhos à diminuição da taxa de aluguel das máquinas e taxas dos lojistas.

O lucro líquido da Redecard atingiu R$ 343,6 milhões, com alta de 6% na comparação com a de mesmo período do último ano. Já a receita operacional líquida somou R$ 920,3 milhões. O preço médio do aluguel da maquininha foi de R$ 56,82 no trimestre, recuo de 10,6% ante 2010.

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