Sua experiência como executivo o ajudou nos seus negócios. A vivência como empresário deve ajudá-lo agora?
Acho que essas duas transições são relevantes. A primeira agregou muito. Agora, tenho certeza de que esta nova pode agregar valores interessantes à minha performance. Falando da primeira transição, mudar do lado do balcão parece simples, mas é uma grande transformação. Uma coisa é administrar terceiros, contratar serviços, ter objetivos e missões estabelecidos dentro de uma corporação mais estruturada. Outra coisa é ser dono do próprio nariz e estar preocupado com o cafezinho do escritório e, ao mesmo tempo, em fechar uma grande conta internacional. E diferente. No fundo, é um startup de você mesmo, porque não é como participar do início de alguma empresa que o contratou para isso. Acho que o contrário também pode agregar.
Por quê?
Porque eu vou lidar, neste novo dasafio, com muitas empresas que têm essa característica, de serem novas, de terem um dono. O mercado de comércio eletrônico tem essa característica: ele é muito dinâmico e emergente ao mesmo tempo. Ainda tem muita gente aprendendo nesse mercado. Então, eu penso que a experiência como empresário estabelece proximidade maior com players significativos do mercado, que têm a característica que eu possuía há dois meses atrás.
Por que deixou seu negócio?
Foi uma decisão difícil. Mas, no fundo, uma parte da resposta tem a ver com a minha origem. Fui executivo durante muito tempo, estive do outro lado do balcão, vivi intensamente e tive sucesso. Cheguei a ser vice-presidente de uma importante marca. Como consultor, você é especializado em diagnosticar, em apontar cenários, elencar alternativas de solução para um problema. Mas dificilmente o consultor executa, dificilmente vê o final de seu próprio trabalho. E eu estava sentindo falta, nesses últimos dois anos, de ter esse passo concreto, de concluir as atividades desse trabalho. O convite para assumir a Braspag, por si só, já tinha alguns elementos de interesse, afinal é uma área do comércio eletrônico que trafeguei bastante nos últimos dez ano. No cargo, lida-se com uma vertente de negócios na qual eu tinha relacionamentos sólidos, são lojistas, bancos e empresas de tecnologia. O convite também me cativou por poder materializar resultados, e poder voltar, enfim, a fazer gol. Como consultor você é um tipo de técnico, não joga. Aliás, nem técnico você é, mas um auxiliar técnico, que ajuda a construir uma estratégia, ajuda a identificar um problema, mas não executa. Você não vai lá e faz o gol. E isso estava me fazendo falta.
Que características você possui para enfrentar o desafio?
Sou engenheiro de produção por formação e, embora eu nunca tenha exercido exatamente a profissão, acho que ser engenheiro me ajudou muito no início da carreira, e continua me ajudando. No sentido de que o engenheiro não tem medo da incógnita. Vê algo que precisa ser feito e analisa quais são as premissas, que tipo de transformação tem de ser feita para obter resultado. Não teme o desafio do novo. Isso é um ponto. Outro é conhecimento de mercado. Hoje, a Braspag lida com lojas, com comércio, que é um tipo de cultura, um tipo de mercado. Mas o produto que ela vende é o meio de pagamento, é uma captura relacionada a meios de pagamento. Portanto, é importante conhecer meios de pagamento, conhecer toda a cadeia de valor associada a eles. Minha experiência anterior é importante para essa necessidade.
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