9 de out. de 2011

TSYS ENTRA NA DISPUTA DE CREDENCIAMENTO DE CARTÃO

jornal Brasil Econômico 20/09/2011 - Flávia Furlan

O Brasil se tornou o queridinho do mercado global de credenciamento de cartões, graças à abertura da concorrência em julho de 2010, com fim de exclusividade de bandeira, e do volume de receitas que gera anualmente. Não é à toa que a americana Tsys, que atua no país apenas como processadora, vai ingressar no segmento — o que já foi comunicado também pelas conterrâneas Elavon e Global Payments, acirrando a disputa por operações hoje dominadas por Redecard e Cielo.

Uma credenciadora tem como objetivo fazer a comunicação da transação entre o estabelecimento comercial e a bandeira. Para isso, aluga e mantém os equipamentos que são usados na hora da compra e também oferece serviços aos varejistas agregados às maquininhas. O Brasil é o segundo maior país em receitas geradas por essas empresas, com volume de US$ 2,8 bilhões anuais, atrás apenas dos Estados Unidos, com US$ 7,4 bilhões ao ano.

"O Brasil é o segundo país em crescimento da base de cartões no mundo e, quando se olha para ele, há muitas oportunidades". diz o gerente-geral da Tsys do Brasil, David Duncan. No exterior, a companhia tem capacidade de processar 7 bilhões de transações ao ano para credenciadoras. Uma processadora de cartões realiza o gerenciamento da operação de uma compra com plástico, como, por exemplo, o processamento de faturas. A receita global da Tsys no segundo trimestre deste ano, o que inclui as atividades de processamento e credenciamento pelo mundo, foi de US$ 447,6 milhões, crescimento de 4% frente ao mesmo período do ano passado.

No Brasil, a empresa está presente desde 2009 como processadora de cartões, tendo o Carrefour como único cliente. No entanto, em agosto deste ano, a companhia realizou mudança de comando para dar mais foco ao Brasil e à América Latina, já de olho em novos negócios. Nomeou Antonio Jorge de Castro Bueno como responsável pela região e David Duncan para comandar as ações no Brasil.

O único país no mundo em que a Tsys é credenciadora hoje é nos Estados Unidos. "No Brasil, temos de achar boas adquirentes para fechar parcerias para prover serviços — o que já fazemos nos Estados Unidos, China, Japão e Europa — e também para nos tornarmos adquirentes", afirma Duncan. E para quem pensa que prestar serviço e ser adquirente são atividades concorrentes, o executivo explica que não, já que a prestação de serviços a credenciadoras pode ser feito por meio de uma nova empresa a ser aberta ou por meio de parcerias. A estratégia a ser usada para desbancar a concorrência no setor de credenciamento no Brasil é exatamente oferecer toda uma cadeia de serviços ao lojista, como investigação de fraudes e cobrança.

Brasileiras

O mercado brasileiro de credenciamento também cresce de uma outra forma: com as varejistas abrindo sua própria rede de adquirência. Este é o caso da Petrobras Distribuidora, que nesse ano implementa um sistema de gestão próprio da rede de credenciamento de cartões. Assim será responsável pelas maquininhas dos cerca de 7 mil postos de combustível da rede.

Os postos contarão com taxas diferenciadas para as operações realizadas por meio de cartões. Os revendedores também receberão duas máquinas por posto, sem custo de aluguel. Atualmente cada posto paga, em geral, R$ 270 por mês com aluguel, considerando dois equipamentos. Além disso, como os recebimentos das compras cartão ocorrem em 30 dias, os revendedores também poderão negociar diretamente com a credenciadora desconto na taxa antecipação, quando quiserem receber antes do vencimento.

"Essa parceria representa um diferencial competitivo para revendedores da BR, que contarão com taxas menores nas operações com cartão. Além disso, o desconto faz a diferença, principalmente para o pequeno vendedor, que não tinha poder de barganha para negociar taxas melhores junto às empresas adquirentes", diz o presidente da BR, José Lima de Andrade Neto. A adquirente tem parceria com CTF, Cielo e First Data.

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