jornal Brasil Econômico 29/09/2011 – Ana Paula Ribeiro e Flávia Furlan
O crescimento dos meios alternativos ao dinheiro para pagamento de compras chama atenção de empresas de diversos setores e a “bola da vez” no Brasil são as transações via celular. Não à toa, já que os números de aparelhos impressionam: são 224 milhões de celulares ativos no país, o que representa mais de um por habitante, de acordo com a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).
De olho neste potencial, o Banco do Brasil anunciou que passará a emitir cartões em parceria com a operadora Oi. O cliente pode ter um plástico, mas o mote é estimular as compras com celular, que terá em seu chip o número do cartão.
Durante a transação, a máquina da Cielo enviará uma mensagem de texto para o telefone móvel com as informações da compra. Uma nova mensagem como resposta, enviada pelo cliente, autorizará a operação. Conforme explicou o diretor de cartões do BB, Raul Francisco Moreira, todas as máquinas da credenciadora já estão habilitadas para aceitar o pagamento móvel, mas a aceitação será gradual, tendo início pelas capitais. A primeira será Recife (PE). “Queremos 10 milhões de cartões em cinco anos”.
O alvo são os 40 milhões de usuários da operadora. Os cartões terão a bandeira Mastercard, mas outras serão ofertadas posteriormente. Na avaliação de Moreira, a solução desenvolvida em parceria com a Cielo e Oi resolverá uma falha apontada pelos críticos do pagamento por celular, que era a falta de uma solução que pudesse agregar escala e uma rede de aceitação ampla.
Esse modelo de pagamento móvel está sendo desenhado desde setembro de 2010, quando o BB e a Cielo fecharam uma parceria com a Oi, que detinha o Paggo (sistema de pagamento móvel da operadora), na época com cerca de 250 mil usuários. Em todo o mundo, as compras com celular como meio de pagamento estão em ampla expansão, segundo pesquisa da COM Braxis Capgemini. Para se ter ideia, as transações devem mais do que triplicar entre 2010 e 2013, chegando a 15,3 bilhões neste último ano.
No Brasil, para que esta tecnologia se desenvolva com maior intensidade, ainda faltam avanços em negociações entre bancos e operadoras, em busca de melhores serviços que permitam o acesso à população das classes mais baixas, de acordo como vice-presidente de Vendas da CPM, Paulo Marcelo Moreira. Além disso, ele acredita que é preciso mobilização do governo para estimular o investimento em tecnologia. “As instituições financeiras já têm condições de implementar o conceito, só que enquanto não houver a universalização do acesso à internet banda larga em geral, e celulares com tecnologia para isso, não haverá alavancagem.” O executivo acredita que é preciso discutir o modelo de negócio que será usado no pagamento via celular e como se dará a relação entre bancos, operadoras, processadoras, estabelecimentos e cliente durante a transação. “Se todo o custo for para o cliente, ele não vai usar o celular como meio principal e vai preferir o cartão, mesmo que a segurança no aparelho seja maior”, diz. Para o vice-presidente de Varejo do BB, Paulo Rogério Caffarelli, o pagamento com celular é também uma forma de inclusão social. “Todo mundo tem o aparelho. Diferente do computador, que ainda não chegou a todos”, avalia.
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