jornal DCI 06/10/2011 – Marcelle Gutierrez
A crise da dívida soberana e os rumores de quebras de bancos na Europa impactaram diretamente a economia em 2011, com altas e baixas nas bolsas de valores e investidores cada vez mais cautelosos diante de riscos. No Brasil, a Bovespa acumula prejuízo de 26,39% no ano. No segmento das instituições financeiras se observa, desde então, fuga de capitais estrangeiros e desvalorização dos preços das ações. Entretanto, analistas de mercado alegam que os papéis continuam interessantes e recomendam a compra de ações de bancos nacionais e de companhias do setor de cartões.
O Índice Financeiro da BM&F Bovespa (IFNC) acumula no ano queda de 19,65%, com diminuição de 1,85% em setembro. Na quarta-feira, o índice fechou em alta, de 0,91%. O INFC mede o comportamento das ações das empresas dos setores financeiros, composto por 73, 4% de bancos (ABC Brasil, Banrisul, BicBanco, Bradesco, Banco do Brasil, Itaúsa, Itaú Unibanco, Panamericano e Santander), 24,06% de outros serviços (Cetip, BM&F Bovespa, Cielo e Redecard) e 2% de seguradoras (Porto Seguro e SulAmérica).
Mas o analista de bancos da Lopes Filho, João Augusto Salles, alerta que não há motivos para pânico. "Em 2011 a queda foi grande, mas acompanha a Ibovespa e os problemas em alguns bancos europeus, que contagiam todo o setor. Mas os fundamentos dos papéis brasileiros são bons pela sólida regulação, alto índice de Basileia, na média de 15%".
O analista de investimentos da Planner Corretora, Francisco Kops, concorda que há reflexos da crise no exterior, mas que na comparação com outros mercados da economia interna, as ações dos bancos caíram menos. "Para investir no longo prazo, em dois ou quatro anos, o movimento é bom para comprar, já que o sistema bancário brasileiro é sólido e não está muito exposto aos títulos de governos europeus."
A recomendação da Planner Corretora é de compra, com destaque para os papéis do Banco do Brasil. "É o mais rentável, com funding mais barato e inadimplência baixa. Mas como ponto negativo é o mais descontado em múltiplos por ter o governo como sócio, além de índice de Basileia mais apertado do que os concorrentes." No último pregão, os papéis do BB ficaram em alta de 0,16% e valor de fechamento de R$ 23,60. Para a Planner, o preço-alvo é de R$ 42,30, valorização de 79% ante o atual.
Na quarta-feira, o Bradesco PN também fechou em elevação, de 0,14%, a R$ 27,35 e preço-alvo de R$ 38,70 estabelecido pela corretora. O Itaú Unibanco subiu 1,69%, para R$ 28,80, e valor estimado de R$ 39,50.
Entre as instituições financeiras, os bancos médios são os mais arriscados na opinião dos analistas Francisco Kops e João Augusto Salles por conta da baixa capitalização. Isto pela dificuldade de captação de recursos no mercado externo, impossibilidade de venda de carteiras de crédito consignado depois do rombo do PanAmericano e exposição a risco, o que afasta os investidores.
A Planner Corretora recomenda ações do Banrisul e Paraná Banco. "O Banrisul é o único com perfil de banco grande, isto é, com agências e funding baseado em depósito seguro e barato. Já o Paraná Banco possui a força da área de seguros com a J.Malucelli."
Cartões
No que se refere ao setor de cartões, Kops explica que as empresas Cielo e Redecard enfrentam um novo cenário após a abertura de mercado, quando foi proibida a exclusividade entre bandeira e credenciadora. "Cartão é o melhor setor da bolsa atualmente, mas está muito caro. A nossa recomendação é neutra para a Redecard, com preço-alvo de R$ 29,46. Já a Cielo ainda estamos trabalhando."
Na quarta-feira, a Redecard fechou em alta de 0,86% a R$ 25,70. A Cielo teve elevação de 1,62% com valor de fechamento de R$ 42. "Apesar de haver aumento da concorrência, essas companhias continuam rentáveis e há um grande potencial futuro, pois o mercado de pagamentos eletrônicos têm muito que crescer", finaliza João Augusto Salles, da Lopes Filho.
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