jornal Brasil Econômico 11/05/2011 - Ana Paula Ribeiro
Em um ambiente de crescimento econômico, os bancos reforçam a rede de atendimento para não correr o risco de perder mercado. No entanto, as despesas necessárias para cumprir esses planos de expansão são elevadas e sofrem ainda a pressão de mais um ingrediente, a inflação. “Isso de fato impacta os custos, que estão proporcionalmente maiores por causa da inflação”, afirma o diretor corporativo de Controladoria do Itaú, Rogério Calderón.
Na maior parte dos casos, o aumento das despesas de pessoal e administrativas — que incluem gastos com aluguel e serviços de comunicação, entre outros itens — é consequência dos investimentos feitos na abertura de novas agências, na contratação de pessoal, treinamento e publicidade. “Todos os bancos voltaram a investir fortemente na abertura de agências. Isso decorre do crescimento econômico, mas também é uma forma de reforçar a marca da instituição”, avalia o analista da Lopes&Filho Consultoria, João Augusto Salles.
Na visão do analista, esses desembolsos são justificáveis porque podem gerar maior retorno no futuro. No entanto, acrescenta que embora o índice de eficiência dos grandes bancos esteja em patamares bons, há espaço para reduções. O índice de eficiência é a relação entre despesas e receitas de uma instituição financeira e o ideal é que o indicador fique abaixo de 50%.
Calderón, do Itaú, admite que a migração das agências do Unibanco para o Itaú pressionou o volume de despesas, o que fez com que o índice de eficiência passasse de 45,4% em março do ano passado para 47,8%no primeiro trimestre de 2011. Ou seja, para cada R$ 100 em receitas, a instituição gasta R$ 47,80. O objetivo é que o indicador tenha queda de 2,5 pontos percentuais até dezembro.
O executivo acredita que o cenário está mais favorável. O plano de abrir entre 120 a 150 agências em 2011 e reformar outras 600 consumirá menos que os R$ 800 milhões desembolsados no processo de migração. A estimativa de Calderón é que os gastos em expansão dos pontos de atendimento fiquem em torno de 60% da despesa com a migração. Ele admite que, se a inflação sair ainda mais do controle, ao final do ano os bancos podem se surpreender com um reajuste salarial maior—o dissídio da categoria ocorre em setembro.
No Bradesco, as despesas de pessoal e administrativas também tiveram forte elevação no primeiro trimestre em relação a igual período de 2010. “O crescimento das despesas está compatível com a evolução da rede de atendimento e do volume de negócios”, disse o vice-presidente, Domingos Figueiredo de Abreu, em teleconferência a analistas. Nos 12meses encerrados em março, o banco contratou 8 mil funcionários e abriu 196 agências.
Essa aceleração dos gastos administrativos deve continuar em 2011, já que o Bradesco arcará com os custos decorrentes da abertura de 183 agências, o que significa mais gasto com aluguel e pessoal. A previsão é de expansão das despesas entre 11%e 15% em 2011, acima da projeção para elevação das receitas com prestação de serviços (9%a 13%).
Para o vice-presidente de Finanças do Banco do Brasil (BB), Ivan Monteiro, um ritmo mais ameno na expansão das despesas é importante para permitir que uma instituição continue competitiva em um cenário de redução dos spreads no longo prazo. “Tem que apertar os gastos. Tem que ser eficiente não para trabalhar como spread atual, mas com o spread futuro”, afirma. No entanto, o BB deve ter as despesas pressionadas neste ano pelo plano expressivo de abertura de agências e contratação de pessoal. A meta é abrir 200 agências de varejo, além de 150 Estilo — destinadas ao público de alta renda—e outras 250 complementares.
É também o ritmo de investimentos em agências—100 novos pontos de atendimento devem ser inaugurados até dezembro— e o reforço de atendimento em determinas áreas que permitirão que o Santander economize menos do que o esperado. Ao incorporar o Real, o banco de capital espanhol esperava atingir sinergias de R$ 2,4 bilhões até o final de 2011.No entanto, esse número deve ficar entre R$ 2,1 bilhões e R$ 2,2 bilhões.
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