4 de jan. de 2012

BMG LANÇA CARTÃO PARA AMPLIAR OFERTA DE SERVIÇOS FINANCEIROS

jornal Brasil Econômico 14/12/2011 – Flávia Furlan

Conhecido por sua atuação no segmento de empréstimos consignados—com desconto em folha de pagamento —, o banco BMG está em busca de diversificação de sua carteira com o intuito de formar uma holding de serviços financeiros ao varejo. “Temos mais de 5 milhões de clientes ativos e queremos desenvolver mais produtos para eles”, disse Ricardo Guimarães, presidente do BMG, ao BRASIL ECONÔMICO, por telefone, do avião que o levaria ao Japão para assistir ao campeonato mundial interclubes.

Na estratégia de ampliar o leque de atuação, para fazer frente a uma menor atratividade do tradicional consignado, a instituição está lançando um cartão de crédito em parceria com o Santos Futebol Clube, que tem como público-alvo os 5 milhões de torcedores do time. O banco, cuja logomarca estampa a camisa de 32 equipes de futebol do país, quer atrair pelo menos 150 mil santistas como clientes. “É mais um passo na diversificação de linhas”, conta Guimarães.

Além dos gramados, o banco tem avançado em outras frentes. Em julho, a instituição financeira e a Icatu Seguros anunciaram aliança estratégia para a criação da BMG Seguradora, que vai operar no mercado nacional. A projeção é que, em cinco anos, a empresa esteja entre as dez maiores seguradoras no segmento de pessoas (que inclui seguro de vida e saúde) do Brasil.

Além disso, em agosto, o BMG assumiu o controle do Banco Schahin, da Schahin Corretora e da Cifra Financeira pelos quais pagou R$ 230 milhões. “Com isso, estamos atuando em crédito direto ao lojistas, financiamento de compras e de veículos usados”, destaca Guimarães. Em julho, já havia assumido o Banco GE e a GE Promotora.

Ao final de junho, o banco contabilizava em seu balanço R$ 6,8 bilhões em empréstimos consignados, o que representa um avanço de 24,6% em12 meses. Ao considerar as cessões realizadas — carteira vendida a outros bancos—o valor do estoque de empréstimos com desconto em folha do BMG seria de R$ 23,1 bilhões em junho. Esse número reflete melhor a capacidade de geração de novos empréstimos por mês. Em seu balanço, o banco informa que as novas concessões no segundo trimestre somaram R$ 5,06 bilhões, mas R$ 3,31 bilhões foram cedidos a outros bancos.

Apesar da alta capacidade de geração de crédito consignado, o banco perdeu a liderança na modalidade para o Banco do Brasil, que após comprar 50% do capital total do Votorantim alcançou a primeiro lugar nesse mercado. Em junho, a instituição pública detinha R$ 49 bilhões em empréstimos com desconto em folha — 45% do total divulgado pelo Banco Central.

A menor atratividade do empréstimo consignado se dá pelo fato de grandes instituições financeiras também passarem a atuar na modalidade em concorrência a instituições de menor porte. Além disso, o BC alterou as regras para a venda de carteiras entre bancos. Na regulamentação atual, a cessão de crédito é tratada como uma venda definitiva e, a partir de janeiro de 2012, com a Resolução 3.533, elas não serão mais contabilizadas desta forma se houver retenção de riscos.

Nesses casos, a contabilização dos ganhos não será mais imediata, passando a ser registrados ao longo do prazo da operação de crédito cedida. “Desta forma, a receita com a venda será gradual no resultado do banco e isso acaba com a capacidade de alavancagemque ele teria com a carteira de consignados”, explica um analista de banco.

O BMG surgiu na década de 1930 e, a partir de 1998, ingressou no mercado de empréstimo consignado, que responde hoje por 75% da carteira total de crédito do banco. Em 2001, criou um cartão de crédito para conceder o empréstimo consignado aos servidores públicos e para aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social.

Colaborou Ana Paula Ribeiro

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