jornal Diário do Nordeste 21/09/2011
As atividades das empresas do grupo Oboé estão sendo restabelecidas por ordem do interventor Luciano Carvalho, que convocou a imprensa, ontem, para distribuir uma nota relatando suas providências. Mas não concedeu entrevista, dizendo que responderia às perguntas dos jornalistas através de e-mail. Na quinta-feira passada, o Banco Central (BC) determinou a intervenção das quatro empresas do grupo Oboé.
A parte final da nota ressalta: "queremos tranquilizar todas as empresas parceiras, esclarecendo que a equipe de intervenção e os colaboradores do grupo Oboé estão envidando todos os esforços no sentido de, no menor espaço de tempo possível, solucionar todas as pendências possíveis".
Serviços normalizados
A nota destaca ainda que a Oboé Tecnologia e Serviços Financeiros S.A. - OboéCard normalizou, ontem, o serviço de pagamento por conta de terceiros (salários e outras remunerações) em suas 69 máquinas de autoatendimento e 15 lojas de atendimento presencial. "Informamos, ainda, que as funções de crédito (saque mais e compras) estão temporariamente suspensas", destaca a nota.
Orientações
O documento fornece orientações aos clientes da Oboé. "As faturas a vencer deverão ser pagas normalmente nas lojas OboéCard ou na rede bancária", explica. "As faturas vencidas no período entre 15 a 20/09 poderão ser pagas até o dia 23/09, sem acréscimo, nas lojas OboéCard". Também estarão sendo restabelecidos, hoje, os serviços de recebimento de contas e boletos, através do sistema de correspondente bancário.
Lojistas
Com relação aos lojistas, o interventor garantiu, na nota, que "esforços estão sendo desenvolvidos com o objetivo de regularizar as pendências".
Relativamente às aplicações financeiras, mantidas na Oboé Crédito, Financiamento e Investimento S.A., foi esclarecido que os saldos dos Depósitos a Prazo com Garantia Especial (DPGE) serão liberados no prazo de poucos dias.
"Com relação aos RDBs e Letras de Câmbio, até o limite de R$ 70.000,00, já estão em andamento os contados com o FGC (Fundo Garantidor de Crédito) para sua liberação. Mais esclarecimentos podem ser obtidos no site www.fgc.org.br.
No que se diz respeito aos fundos de investimentos geridos pela Oboé Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários S.A. (DTVM), já foram iniciados entendimentos com a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para avaliação das suas carteiras", informa a nota.
Desde sábado passado, os saques nos terminais, chamados ATM (Automated Teller Machines), estão funcionando, mas sem conseguir atender a todos os clientes, que correram para sacar dinheiro depositado no dia 15, vencimento de salários em algumas empresas.
Movimentação nos caixas
Durante a tarde de ontem, quando os caixas eletrônicos foram liberados, o movimento era intenso em alguns endereços. Na loja da Avenida Senador Virgílio Távora, em cerca de meia hora, quase 15 pessoas utilizaram os caixas para sacar dinheiro. O farmacêutico Tiago Nunes Cavalcante, 29, estava aliviado após finalizar a operação. "Quando soube da notícia, corri para sacar meu dinheiro, mas os caixas estavam bloqueados. Fiquei assustado", confessa.
Outro que partilhava da mesma sensação era o auxiliar de almoxarife Francisco José Bezerra, 25, que, aflito, admitiu ter tirado todo o dinheiro da conta salário, que recebe via Oboé Card. "Tenho medo de perder alguma coisa e essa é minha única fonte de renda. Ontem, vim tirar minha quinzena e não consegui. Tenho contas para pagar e não posso me arriscar", desabafou. Menos preocupado, mas não menos cuidadoso, Tadeu Firmino da Costa, 48, pedreiro, também preferiu não deixar nada nos caixas da financeira, mas acredita que em breve "tudo deva estar bem".
Mesmo com os saques liberados, no terminal que fica dentro do Mercadinho São Luiz do Cambeba, por exemplo, às 16h de ontem, o serviço continuava indisponível.
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