jornal O Estado de S.Paulo 18/09/2011
Se chegar ao comando de uma subsidiária de multinacional, a ACI Worldwide, foi o resultado de um processo natural, antes, porém, a carreira de Hugo Costa, de 50 anos e formado em administração, sofreu um baque causado pelos atentados de 11 de Setembro.
Explica-se: ele vinha de uma experiência bem sucedida, que reergueu uma empresa, hoje chamada de Fidelity, onde era o diretor de tecnologia. Saneada, a companhia foi vendida para uma multinacional estrangeira e o novo presidente mudou toda a diretoria. Após a saída, as perspectivas eram de ser brevemente recolocado em um outro emprego, mas os atentados mudaram o quadro. "O 11 de Setembro impactou muitas empresas com as quais eu tinha proximidade, as de meios de pagamento."
Aproveitou, então, o revés para pôr em prática o desejo de mudar de área. E acabou se tornando o responsável pela empresa na qual entrou para atuar na área comercial e de marketing: a ACI, líder em softwares de pagamento, especialmente no combate à fraudes bancárias.
Por que aceitou o cargo de managing director?
Antes de eu vir para a ACI, há mais de 9 anos, eu respondia pela área de tecnologia de uma grande empresa processadora de cartão de crédito aqui no Brasil, atualmente chamada Fidelity. E eu vinha de uma carreira com um viés bastante técnico (atuou em empresas CPM Sistemas e em órgãos do governo de Minas e da prefeitura de Belo Horizonte). Na Fidelity, era diretor de tecnologia, o que me puxou para muito próximo de duas outras áreas: de desenvolvimento de produtos e comercial. Inicialmente, na ACI o meu viés era 100% comercial, mas a estrutura da empresa se modificou, deixou de existir o cargo de managing director. Há 5 anos, assumi toda a área comercial e de marketing. Na época, já não havia mais um managing director no Brasil. Eu me reportava diretamente para a matriz. A estrutura da empresa foi novamente alinhada e, há dois anos, foi reconstituído o cargo e eu caminhei para ele. Foi resultado do meu desenvolvimento profissional natural e da visão da empresa de que eu teria condições para assumir o posto.
Por que você acabou saindo da Fidelity?
Eu e um grupo de executivos fomos para a empresa como objetivo de erguê-la. Fiquei uns 6 anos e por quatro ela cresceu consecutivamente 100% ao ano. Foi um belíssimo trabalho. Ao final, a companhia foi vendida para um grupo americano. O novo presidente substituiu a diretoria. Para mim era, então, natural que logo estaria recolocado. Mas vieram os atentados de 11 de Setembro. Eu estava em meio a processos de seleção, de conversas e de repente mudou tudo. O 11 de Setembro impactou muito empresas com as quais eu tinha proximidade as de meios de pagamento. Mas foi um excelente incentivo. Se na época eu já estava buscando me desviar do viés técnico para a área comercial, foi o empurrão que faltava. Eu definitivamente atravessei a ponte e a destruí. E foi um desenvolvimento legal aqui na ACI, a experiência aqui, muito rica.
O que você recomenda para quem quer seguir na carreira de executivo?
Tenho um filho com 10 anos de idade e sempre penso no que posso ensinar-lhe para que tenha, daqui a 10 anos, 13 anos, boa capacidade de competição. Então, não consigo considerar que ele não estude fora do País. Acho que formação de alta qualidade é fundamental. Também procuro expor meu filho a várias culturas. A partir de agora, todo mundo tem de ser multidisciplinar e quanto mais conforto houver ao navegar nessa multidisciplinaridade, melhor. E falar vários idiomas vai fazer, cada vez mais, toda a diferença.
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