jornal Valor Econômico 02/08/2011 - Aline Lima
A Cielo fechou parceria com a Credicard e já está aceitando em suas máquinas transações com o cartão Diners Club International, bandeira da americana Discover e que o Citi tem licença para operar no Brasil. O acordo também contempla a captura de operações com os cartões da própria Discover, com cerca de 50 milhões de clientes no mundo, prevista para ser incorporada na rede da Cielo na segunda quinzena do mês.
Com esse movimento, a Cielo praticamente fecha o rol de aceitação das bandeiras mais importantes para o mercado brasileiro, passando a ser a única credenciadora a capturar, além de Visa e Mastercard, American Express (Amex), Elo e, agora, Diners. Antes, os cartões emitidos pela Credicard, subsidiária do Citi, só passavam pela Redecard, parceira de longa data na qual deteve participação acionária até março de 2009.
Diante desse quadro, a pergunta inevitável: se o cartão Diners passa a ser aceito nas máquinas da Cielo, quando o Amex poderá ser capturado pela Redecard? A depender da disposição dos agentes de mercado, o fim da exclusividade entre bandeira e credenciadora está longe de ter um fim.
"Hipercard movimenta um volume financeiro maior que Amex, já tivemos conversas no passado mas eles preferiram esperar", rebate Rômulo Dias, presidente da Cielo. O cartão Hipercard é emitido pelo Itaú Unibanco, dono da Redecard, maior concorrente da Cielo.
Um ano após extinta a exclusividade da Cielo com a Visa e da Redecard com a MasterCard, o que se vê no mercado é uma abertura parcial. Por isso, a adesão da Credicard à rede da Cielo pode ser vista como mais uma quebra de barreira - até porque a Credicard formou recentemente uma "joint-venture" com a americana Elavon para atuar como credenciadora, concorrendo com Cielo e Redecard.
"Como representante do Diners no Brasil, não deveríamos diminuir a competitividade do produto", observa Leonel Andrade, presidente da Credicard. Pelo raciocínio do executivo, a Credicard não só estaria garantindo aos clientes uma maior rede de aceitação como também dando a eles vantagem extra em relação ao cartão Amex, cuja transação só pode ser efetuada na máquina da Cielo. "No fundo, acho que 100% dos produtos deveriam ser abertos a 100% das redes. Nessa disputa de acionistas, quem perde é consumidor."
Uma fonte conta que o governo já estaria atento à questão da abertura parcial do mercado de cartões e que foram, inclusive, emitidos ofícios para as empresas do setor, cerca de 15 dias atrás, com pedidos de explicação sobre as restrições para a captura de algumas bandeiras, incluindo aí os cartões-benefícios. Visa Vale, por exemplo, só passa pela rede da Cielo.
Um argumento comumente ventilado por executivos do setor de cartões é que a abertura para bandeiras pequenas, com participação de mercado inferior a dois dígitos, não faria sentido dada a pouca relevância econômica - alegação contraditória, já queque vai de encontro à própria parceria firmada entre Credicard e Cielo. O Diners conta com uma base de 500 mil cartões e participação de mercado inferior a 5%.
Uma abertura total do mercado seria inviável, porém, em menos de seis meses, tempo mínimo para que as empresas consigam adaptar seus sistemas para aceitar mais bandeiras.
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