jornal DCI 19/08/2011 - Marcelle Gutierrez
A partir do segundo semestre, as instituições financeiras obtém aumento no volume de concessões de crédito para micro, pequenas e médias empresas, por conta da aceleração no ritmo da atividade produtiva, com o aquecimento do consumo característico do período. Segundo especialistas entrevistados pelo DCI, o segmento é rentável, já que estas companhias não têm acesso ao mercado externo e de capitais, o que as torna dependentes do financiamento bancário. Na carteira, o Bradesco atingiu saldo de R$ 92 bilhões, enquanto o Santander totalizou R$ 41 bilhões. Ambos com planos de expansão.
De acordo com o Indicador Serasa Experian da Demanda das Empresas por Crédito, a procura cresceu 2,3% em relação aos sete primeiros meses de 2010. Na comparação mensal, houve avanço de 6,6% ante julho de 2010. Já a quantidade comparada a junho de 2011 aumentou 3,4%.
Para Luis Rabi, gerente de Indicadores de Mercado da Serasa Experian, o movimento é sazonal. "Há pico da produção industrial com as vendas de final de ano. Mas se comparar com o ano passado, quando o crescimento foi de 7%, houve uma desaceleração, para 2,3%, em consequência do menor ritmo da economia."
O especialista explica que no caso das micro, pequenas e médias empresas, o maior volume de recursos captados está na rede bancária. "Não tem opção de captar no mercado externo ou de ações, dependendo exclusivamente dos bancos."
Até junho de 2011, segundo dados do Banco Central, o saldo de empréstimos realizados por pessoa jurídica atingiu R$ 500,856 bilhões, acréscimo de 18% ante igual período do último ano. O maior volume de operações está em capital de giro, utilizado em maior escala pelas companhias de menor porte, com R$ 282,691 bilhões em junho, crescimento de 6% na comparação com janeiro e de 19,9% ante junho de 2010.
O segundo maior saldo é observado em conta garantida, com R$ 60,012 bilhões em junho, alta de 9,49% ante janeiro e de 15,85% nos últimos 12 meses.
A identificação do nicho de micro, pequenas e médias empresas como lucrativa ocorre no Bradesco, que projeta para 2011 crescimento de 20% a 29% , enquanto a expectativa geral carteira é de 15% a 19%. O diretor do departamento de empresas e financiamentos do Bradesco, Octavio de Lazares Júnior, diz que a importância do ramo foi identificada há alguns anos. "Percebemos que era um importante nicho. Outras empresas podem fazer IPO (oferta pública inicial de ações), oferta de ações ou emissão de debêntures. Possuem uma série de instrumentos, enquanto a PME depende dos bancos."
Ao final do primeiro semestre o saldo de crédito do banco atingiu R$ 319,802 bilhões, acréscimo de 23,1% em 12 meses. Do total, R$ 92,010 bilhões é do ramo de micro, pequenas e médias empresas, o que corresponde a cerca de 29% do total da carteira.
O diretor explica que identificaram no segmento uma carência de capital a longo prazo. Nesse sentido, criaram as linhas Giro Simples e CDC Flex. "Em dezembro injetamos R$ 100 milhões em cada produto, o que acabou em maio. Então em julho colocamos mais R$ 100 milhões em cada."
No mesmo caminho está o Santander, com o lançamento há três anos do SuperGiro Premium, com prazo de 36 meses e taxa de 2,57% ao mês. Segundo Cristiane Nogueira, superintendente de pequenas e médias empresas do Santander, o primeiro semestre foi diferenciado na comparação com os anteriores. "Houve a questão de posicionamento do banco, com treinamento de gerentes, ampliação da oferta de crédito e trabalho de pré-aprovação de crédito."
O saldo de financiamentos totalizou R$ 171,379 bilhões, o que representa um aumento de 17% em 12 meses e de 4,1% no segundo trimestre. A carteira de pequenas e médias empresas atingiu R$ 41,034 bilhões, crescimento de 27,7% na comparação com o mesmo período de 2010 e de 4,7% neste segundo trimestre, o que responde a 24% da carteira.
No primeiro semestre, o Itaú Unibanco ampliou a carteira para pessoa jurídica em 7,6%, para R$ 208,7 bilhões. "Observamos que uma das demandas mais significativas para os empresários desse segmento é por capital de giro", informou em nota.
Por meio da assessoria de imprensa, o Banco do Brasil também declara que as linhas de capital de giro têm destaque, com R$ 42,57 bilhões em concessões.O saldo das operações pequenas e médias empresas, em junho de 2011, foi de R$ 59,9 bilhões, incremento de 14,7% em relação ao mesmo período de 2010.
Inadimplência
No que se refere à tendência de alta da inadimplência do segmento, segundo a Serasa Experian, o Santander ressalta a estratégia de bonificação do produto de capital de giro, com até três parcelas de bonificação para o pagamento na data exata do vencimento. "No produto que tem a bonificação, há a inadimplência mais baixa e maior atratividade. É uma carteira com a melhor performance desde o lançamento. É uma questão de parceria com o cliente", diz Cristiane Nogueira.
De acordo com Octavio de Lazares Júnior, do Bradesco, a estratégia para garantir a qualidade da carteira, com baixos níveis de falta de pagamentos, está no fornecimento de crédito de acordo com as necessidades do cliente.
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