portal Cidade Biz 24/08/2011 - Agência Brasil
O saldo das operações de crédito do sistema financeiro chegou a R$ 1,854 trilhão em julho, um crescimento de 1,1% em relação a junho e de 19,8% em 12 meses. O saldo equivale a 47,3% do Produto Interno Bruto, a soma das riquezas produzidas pelo país. Em junho, esse percentual estava em 47,1%; em julho de 2010, em 44,6%. As informações foram divulgados hoje pelo Banco Central.
Os bancos públicos responderam por 42% do crédito do sistema financeiro. O volume chegou a R$ 779,534 bilhões, 1,4% a mais que em junho. Os bancos privados nacionais responderam por 40,7% do total de crédito, com volume de R$ 755,593 bilhões, alta de 0,9%. Já as instituições estrangeiras foram responsáveis por 17,2% do crédito total. O saldo dessas instituições ficou em R$ 319,120 bilhões, crescimento de 1% em relação a junho.
Segundo o chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, o crédito direcionado (que tem taxas e recursos determinados em normas governamentais, destinado basicamente aos setores rural, habitacional e de infraestrutura) tem crescimento mais acelerado do que os empréstimos com recursos livres.
Em julho, as operações com recursos direcionados atingiram R$ 646,795 bilhões, um aumento de 1,9% em relação a junho. Segundo Maciel, o crédito habitacional tem puxado a expansão dos empréstimos com recursos direcionados. “O crédito habitacional tem prazos mais longos, tradicionalmente a taxa de inadimplência mais baixa. É um crédito que tem boas características”, acrescentou.
No caso dos empréstimos com recursos livres, que representam 65,1% do saldo total do sistema financeiro, o volume ficou em R$ 1,207 trilhão, uma alta de 0,7% no mês. “O crédito livre está refletindo um ambiente mais restritivo das condições creditícias, sejam as políticas macroprudenciais [de restrição do crédito], sejam as ações da política monetária [aumento da taxa básica de juros, a Selic]”, disse.
Juros do crédito e inadimplência - A taxa média de juros do crédito cobrada das famílias (pessoas físicas) caiu 0,4 ponto percentual na passagem de junho para julho, e ficou em 45,7% ao ano, segundo dados divulgados hoje (24) pelo Banco Central (BC). No caso das empresas (pessoas jurídicas), no entanto, a taxa média subiu 0,6 ponto percentual, para 31,4% ao ano.
Segundo Tulio Maciel, do BC, a queda na taxa de juros para as pessoas físicas em julho não pode ser considerada uma tendência. “A tendência é que haja alta e na margem tem esse movimento.”
Os dados dos primeiros dias úteis deste mês, em comparação com final de julho, mostram que a taxa de juros para as famílias subiu 0,7 ponto percentual, para 46,4% ao ano. No caso das empresas, houve queda de 0,7 ponto percentual, para 30,7% ao ano.
A inadimplência, como são considerados os atrasos superiores a 90 dias, ficou estável para as empresas (3,8%), enquanto para as famílias subiu 0,2 ponto percentual, para 6,6%. Na avaliação de Maciel, a expectativa é que haja acomodação e queda da inadimplência ao longo deste semestre. Segundo ele, isso será possível devido ao aumento do emprego e da renda e como resultado das medidas do governo de restrição ao crédito com prazos mais longos.
“A contenção da ampliação dos prazos é positiva nas modalidades de crédito pessoal e aquisição de veículos, que vinham crescendo em volume e em prazos”, disse o economista.
Cheque especial - A taxa de juros cobrada pelo uso do cheque especial chegou a 188% ao ano, em julho, informou BC. Em relação a junho, o aumento foi de 3,3 ponto percentual. A taxa registrada em julho é a maior desde abril de 1999, quando ficou em 193,65% ao ano.
Segundo Tulio Maciel, as taxas do cheque especial refletem o perfil de quem está tomando o crédito. “As pessoas tomam esse crédito quando não têm condições de tomar outro ou por um período reduzido.” Maciel recomenda que aos consumidores evitem usar o cheque especial, já que a taxa de juros é muito elevada.
Enquanto a taxa do cheque especial subiu, os juros cobrados pelo crédito pessoal, incluídas operações consignadas em folha de pagamento, caíram 0,3 ponto percentual, para 48,7% ao ano. A taxa cobrada para a compra de veículos caiu nessa mesma proporção (0,3 ponto percentual), para 29,5% ao ano.
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