jornal Valor Econômico 23/08/2011 - Carolina Mandl e Vanessa Adachi
O maior volume de operações de empréstimos e financiamentos - principalmente para as empresas - garantiu ao banco HSBC um lucro líquido de R$ 611,9 milhões nos primeiros seis meses deste ano, valor 44,25% superior ao registrado em igual período de 2010.
A carteira de crédito do banco de origem britânica passou de R$ 43,1 bilhões em junho do ano passado para R$ 54,7 bilhões, uma expansão de 27% em um ano. Enquanto os empréstimos para as pessoas físicas cresceram 10%, para R$ 22 bilhões, as concessões para as empresas aumentaram 39%, atingindo R$ 32 bilhões.
A presença das pessoas jurídicas deve cada vez mais ganhar espaço no HSBC, passando dos atuais 60% para 70%. Isso porque, em maio deste ano, o banco tomou a decisão de focar suas operações nos clientes que já são correntistas ou que tenham perfil para se tornar.
Com isso, o financiamento a veículos fora das agências bancárias e o crédito consignado para não-clientes foram deixados de lado. Hoje essas operações somam uma carteira de R$ 5 bilhões dentro do banco.
O banco tem negociado a venda desses ativos com outras instituições. "Isso não necessariamente vai ocorrer, mas abriria espaço no balanço para fazermos operações que estão mais dentro do objetivo do banco", afirma Conrado Engel, diretor-presidente do HSBC Brasil.
O banco está com um índice de Basileia - que determina o nível de alavancagem das instituições - de 12,88% ante 14,5% de um ano antes, sendo que o mínimo exigido pelo Banco Central é de 11%. O indicador, diz Engel, garante o crescimento das operações do banco pelo menos até meados do próximo ano. A instituição também vem retendo no país os lucros. Além disso, vem fazendo emissões externas que podem ser computadas como capital, o que deve somar US$ 600 milhões neste ano.
Por enquanto, o banco cedeu ao PanAmericano parte da força de vendas de financiamento a automóveis que possuía fora da rede bancária, um total de 250 pessoas. Ao mesmo tempo, contratou cerca de 700 novos funcionários para o atendimento nas agências.
Apesar da alta velocidade de expansão dos empréstimos no primeiro semestre, daqui para a frente, o banco já está prevendo que as concessões vão crescer a um ritmo mais lento. No início do ano, o banco previa uma expansão da carteira de 20%. Agora, por causa da turbulência no cenário internacional, o HSBC espera uma expansão entre 16% e 18% no ano.
Além do reflexo que a crise no exterior pode acabar trazendo para a economia brasileira, o banco também já está mais rigoroso nas concessões de empréstimos. A medida tem como objetivo conter a inadimplência. "Começamos a ser mais seletivos, inclusive na entrada de novos clientes", diz Engel.
A inadimplência, segundo o executivo, está sob controle - 4,5% em atraso acima de 90 dias. É um número igual ao registrado em dezembro do ano passado, mas ligeiramente superior aos 4,3% de março. A maior deterioração recente, de acordo com Engel, veio das pequenas empresas e das operações com cartões de crédito.
"Ainda é muito pouco se considerarmos que historicamente já tivemos 6%. Isso acontece porque o emprego e a renda se mantiverem em alta", afirma o diretor-presidente do HSBC.
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