jornal Valor Econômico 02/08/2011 - Adriana Cotias e Carolina Mandl
O HSBC Brasil está saindo do ramo de financiamento de veículos para não clientes. Desde sexta-feira, o banco suspendeu a oferta de crédito em 300 concessionárias e revendas de automóveis espalhadas pelo país. Segundo o Valor apurou, a instituição negocia a venda dessa carteira para o PanAmericano, cujo controle é compartilhado por BTG Pactual e Caixa. Estima-se que o portfólio de financiamento de veículos do HSBC some cerca de R$ 5 bilhões, mas não se sabe se a totalidade dos ativos seria transferida.
Na semana passada, cerca de 300 funcionários da área de crédito do HSBC foram demitidos, a fim de não carregar eventuais passivos trabalhistas para o PanAmericano caso o negócio seja concretizado. A expectativa é de que parte dos empregados do banco inglês seja aproveitada na nova estrutura. Alguns deles teriam, inclusive, sido entrevistados pelo presidente do PanAmericano, José Luiz Acar Pedro.
Um nome que já estaria definido para migrar para o PanAmericano é o do diretor da área de financiamento de veículos do HSBC, Sergio Antonio Cipovicci, há 14 anos na posição. Haveria, entretanto, um período de transição por conta de operações de créditos liberadas para as concessionárias e que estão em andamento.
Em maio, por ocasião da apresentação da matriz do HSBC para investidores, o grupo inglês sinalizava a saída de negócios considerados não estratégicos na América Latina, como da área de fundos de pensão no México e na Costa Rica. Numa citação ao Brasil, falava em "racionalização" de portfólios em financiamento de veículos e crédito consignado.
Questionado pelo Valor a respeito, o presidente do HSBC Brasil, Conrado Engel, explicou que o banco interrompera a compra de carteiras com desconto em folha e que tinha diminuído o passo no financiamento de veículos, além de abandonar a estratégia de buscar clientes por meio da Losango, o braço de financiamento ao consumo. "Parei com isso para focar nosso próprio cliente ", disse Engel.
Internamente o que se comenta é que o grupo inglês nunca viu com bons olhos a oferta de financiamento de veículos para não clientes, estrutura que só existe no Brasil.
Para o PanAmericano, o negócio engordaria uma das suas principais linhas de atuação. Em entrevista recente ao Valor, Acar afirmou que a carteira de crédito do banco tem potencial para alcançar cerca de R$ 35 bilhões entre três e quatro anos. Até março, a área de veículos representava 56% do portfólio total de R$ 10,2 bilhões. Durante a divulgação dos resultados do primeiro trimestre, o banco informou que pretendia aumentar a participação de veículos novos e de crédito consignado para melhorar o risco da carteira.
O HSBC não confirma a negociação com o PanAmericano. Procurado, o banco apenas informou que decidiu parar de conceder crédito para financiar a compra de automóveis por meio de revendas. Desde ontem, a instituição passou a só fazer financiamentos por meio da rede bancária própria, deixando de lado as operações com os 300 pontos de venda que eram seus parceiros. A assessoria de imprensa do PanAmericano informou que o banco não comprou a carteira de R$ 5 bilhões do HSBC e que mantém habitualmente contato com revendedores de veículos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário