jornal Valor Econômico 27/07/2011 - Cibelle Bouças
As empresas que fornecem tecnologia para lojas virtuais apresentam um apetite mais forte por aquisições, sobretudo de companhias que fornecem sistemas de pagamento. Entre os casos de aquisições mais recentes estão a compra da Braspag pela Cielo, a aquisição da Dinero Mail pelo grupo BuscaPé e a operação da Tray com a ERNet.
Gerson Rolim, consultor do comitê de meios de pagamento da Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico (Camara-e.net), afirma que as companhias tomam por base indicativos de que o internauta brasileiro efetua a compra, mesmo não conhecendo a loja, se o sistema de pagamentos for conhecido. Portanto, para a empresa que atende à loja virtual, ter um sistema de pagamento tornou-se peça-chave para atrair esse empreendedores.
Durante muitos anos, as pequenas e microempresas virtuais tiveram dificuldades financeiras e técnicas para vincular seus nomes aos grandes sistemas de pagamento eletrônico. O custo para integrar o sistema de pagamentos aos sites era alto e havia exigência de manter um técnico para fazer a manutenção do sistema, afirma Rolim.
As empresas de hospedagem e os fornecedores de software para montagem de lojas virtuais desenvolveram seus próprios sistemas de pagamento, ou firmaram parcerias com as principais empresas do segmento para oferecer sistemas a preços mais baixos. "Houve um aumento da competição no segmento de sistemas de pagamento que favoreceu principalmente o pequeno lojista", afirma Rolim. A Camara-e.net estima que existam 60 mil lojas virtuais brasileiras na internet.
Desse total, aproximadamente 12 mil lojas virtuais são de pequenas e microempresas, estima Alexandre Umberti, diretor de marketing e produtos da e-bit. Segundo a consultoria, 95% das pequenas e microempresas virtuais fecham antes de completar cinco anos de existência.
"A maioria dos empreendedores tem apenas conhecimento de varejo e é eminentemente compradora de tecnologia", diz Umberti. Esses pequenos e microempresários preferem negociar com apenas um fornecedor de tecnologia, em vez de contratar serviços de diferentes companhias. "A mudança no perfil da demanda acabou forçando a consolidação das empresas de tecnologia", afirma.
O Mercado Pago, que se declara o maior serviço de pagamentos on-line da América Latina, com 56 milhões de clientes cadastrados, acompanhou a série de aquisições de companhias concorrentes por grandes grupos. "O interesse de todas as empresas do setor é ser uma Amazon, ou seja, oferecer um conjunto de serviços para atrair mais lojas virtuais", afirma o diretor do Mercado Pago, Marcelo Coelho. A companhia, que encerrou 2010 com receita de US$ 700 milhões, cresceu 150% em vendas no primeiro trimestre do ano. Segundo Coelho, a expansão foi fruto da expansão do comércio eletrônico e de parcerias com outros fornecedores de TI para lojas virtuais.
Luís Motta, sócio da área de fusões e aquisições da consultoria KPMG, observa que no primeiro semestre houve 12 aquisições e fusões de empresas de internet. "Os setores de internet e software registram mais fusões e aquisições que a média do mercado. Mas, de fato, observa-se uma consolidação no segmento", afirma.
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