22 de jul. de 2011

MAGAZINE LUIZA TRABALHA PARA UNIR OPERAÇÃO

jornal Valor Econômico 21/07/2011 - Adriana Mattos

Ao mesmo tempo em que precisa avançar no processo de integração da Lojas Maia, comprada em 2010, a rede Magazine Luiza começa a reestruturar a operação das lojas do Baú da Felicidade, que teve os 121 pontos adquiridos pela varejista há cerca de um mês. No Baú, o trabalho se inicia oficialmente no dia 1º de agosto. Nas duas varejistas, as estratégias de integração terão focos diferentes, mas ambas estão hoje no centro das decisões estratégicas do comando do Magazine Luiza, a terceira maior rede de eletromóveis do país.

Na Lojas do Baú será preciso fazer um trabalho a partir do zero em várias direções. A rede irá fechar lojas em São Paulo e Paraná e trocar a fachada dos pontos do Baú para Magazine Luiza no prazo de seis meses, conforme informaram pessoas próximas a rede.
Em relação a sobreposição de pontos entre Baú e o magazine, estudo já avaliado pela cadeia mostra quais são as cidades com pontos de venda das duas redes muito próximos, e que poderiam exigir fechamento das lojas ou a venda dos pontos.

Cidades como Maringá, Londrina e Curitiba batem recordes de sobreposição, segundo informa uma consultoria que presta serviços para a companhia. "Em Londrina, são quatro pontos do magazine e três do Baú. Em Curitiba, são doze lojas das duas bandeiras e, em Londrina, são seis pontos no total. Algumas devem fechar ou virar pontos virtuais", conta ele.

De acordo com o consultor, em Curitiba, apesar do alto potencial de compra, "há uma avenida no centro da cidade com três lojas em com distância entre elas de 50 metros".

Segundo Nelson Barrizzelli, professor de economia da USP, os pontos sobrepostos mais deficitários tendem a ser fechados. "Ninguém mantém hoje uma loja deficitária aberta só para não vendê-la a um concorrente que pode se tornar seu vizinho", diz Barrizzelli.

O objetivo do Magazine Luiza é integrar as lojas adquiridas do Baú ao sistema de vendas e de estoques no espaço de nove meses a um ano, apurou o Valor.

Também começará a ser feito a partir de agosto um trabalho forte em treinamento de pessoal e de motivação daqueles funcionários de chão de loja que estão no Baú. Esta será uma iniciativa liderada pela presidente Luiza Helena Trajano, que planeja visitar alguns pontos e se reunir com funcionários do Baú nas próximas semanas. "Ela quer trazer o seu espírito para os novos funcionários e ninguém melhor do que ela para motivar as pessoas", afirma uma fonte ligada à rede.

Vídeo com explicações de Luiza sobre o magazine, com explicações sobre cultura da rede e expectativas de crescimento da companhia com a compra do Baú estava sendo planejado para ser feito. A ideia seria mostrar o video aos funcionários da cadeia adquirida.

Na Lojas Maia, adquiridas em junho de 2010 por R$ 290 milhões, o momento é diferente. Os pontos tiveram as fachadas trocadas para Magazine Luiza, mas a reforma interna das 136 lojas não terminou. Deve se estender até o fim do ano.

O Magazine ainda precisa avançar em duas questões mais estruturais: a gestão do capital de giro da rede adquirida e o modelo de crédito da Maia. Há espaço para equilibrar melhor a relação entre contas a pagar e a receber nos pontos da Lojas Maia, algo que no varejo é crucial para se financiar os estoques dos pontos, de acordo com um executivo próximo à Maia. O último balanço na rede já citava a necessidade de otimizar o capital de giro do grupo. "No Magazine Luiza, essas contas sempre foram muito bem ajustadas. Mas na Maia, dá para fazer mais, como negociar um prazo maior [de pagamento] aos fornecedores", afirma a fonte próxima à rede.

Ainda será preciso trabalhar para aumentar o uso de cartões próprios dentro dos pontos da Maia, e reduzir a participação de cartões de terceiros. Quando comprou a Maia, o uso de cartões da rede em compras nas unidades não chegava a 15% do total de vendas financiadas. Esse índice na Maia hoje supera os 20%, apurou o Valor. O número cresceu, mas está abaixo da média da controladora. No Magazine Luiza essa taxa está em 33%.

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