jornal Brasil Econômico 27/07/2011 - Pedro Venceslau
Em cerca de dois anos e meio, todos os pedágios das rodovias paulistas serão cobrados de forma eletrônica. As chancelas serão abolidas, funcionários dispensados ou remanejados e os veículos poderão cruzar a “praça” de cobrança em uma velocidade de até 160 Km/h. Em suma, o sistema “Sem Parar”, que cobra hoje uma taxa de adesão de R$ 66,72, mensalidade de R$ 11,90, além de taxa de renovação a cada cinco anos de R$ 66,72, passará a ser gratuito.
Para isso, será feita uma reengenharia tecnológica para aprimorar o sistema de cobrança eletrônica aos padrões europeus e americanos. A promessa foi feita ontem pelo secretário de Transportes de São Paulo, Saulo de Abreu, e o projeto detalhado por Karla Bertocco, diretora geral da Artesp (Agência de Transportes do Estado de São Paulo). “A ideia é migrar para a gratuidade. O governador Geraldo Alckmin determinou que ninguém mais pague pelo sistema eletrônico de pedágio”, disse o secretário.
O novo sistema mudará também o modelo de cobrança. “O motorista não pagará mais pelo trecho colocado a sua disposição, mas pelo que efetivamente percorrer”, disse Abreu. Para viabilizar a mudança, o governo vai permitir que outro sistema de entre em operação no estado. Atualmente, um decreto do próprio governo paulista, publicado em1999, estipula que as concessionárias só podem utilizar uma tecnologia. Ocorre que as atuais “TAGs”, aqueles aparelhinhos que são colocados nos veículos, têm uma capacidade de armazenamento de dados muito maior que o necessário. Para permitir a conversão, o governo vai revogar o “monopólio” desse sistema e permitir que TAGs mais modernas possam ser usadas. Em suma, as concessionárias poderão agora escolher que tecnologia usar, mas serão obrigadas a abolir a cobrança. Ou seja: acabarão migrando para outros sistemas por livre e espontânea pressão.
“Hoje, cada antena usada pela concessionária custa US$ 12 mil e a TAG utilizada nos carros, US$ 23 dólares. Com o novo sistema, o preço da antena cai para US$ 7 mil e o da TAG para US$ 6”, afirma Karla Bertocco. Pelo cronograma do governo, a resolução que impede novas tecnologias de cobrança será alterada até agosto. Depois disso, serão feitos pilotos em praças na região de Campinas e no interior.
A expectativa é de que diversas empresas passem a oferecer às concessionárias o serviço de cobrança - atualmente só o “Sem Parar” é oferecido no estado. “O início da utilização em escala deve ser em dois anos, depois dos pilotos. Hoje, 50,9% dos veículos que passam nas praças de pedágio já usam o TAG. Eles respondem por 55% da receita. Nosso número mágico é que 80% dos veículos migrem para o sistema de cobrança eletrônico”, diz Karla.
Segundo Saulo de Abreu, a ideia é que o governo crie campanhas e dê descontos para incentivar a mudança. “Nos EUA eles dão 20%de desconto no pedágio para quem usar (a cobrança eletrônica) . Podemos fazer isso no Brasil”. Ainda segundo o secretário, as concessionárias vão reduzir significativamente seus custos operacionais, já que não vão mais usar dinheiro vivo nem pagar por funcionários em três turnos. Pelo projeto, apenas uma guarita será reservada para quem insistir em pagar em dinheiro. Elas também serão usadas por veículos de outros estados e países. Outra vantagem é a fluidez do tráfego, especialmente em dias de feriados ou no retorno das férias.
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