jornal DCI 29/07/2011 - Marcelle Gutierrez
Pela primeira vez após a abertura do mercado, com o fim dos contratos de exclusividade com bandeiras e entrada de novos concorrentes, a credenciadora Redecard registrou crescimento de 14,7% do lucro líquido ante o primeiro trimestre de 2011, para R$ 322,6 milhões. Contudo, na comparação com o segundo trimestre de 2010, período em que ainda havia exclusividade com a MasterCard, a redução foi de 13,9%.
A Cielo também obteve resultados acima das expectativas de analistas para o período, com lucro líquido de R$ 424,9 milhões no segundo trimestre, queda de 0,1% ante igual período anterior.
Ontem, as ações da Redecard registraram a segunda maior alta do Ibovespa, de 5%, com preço de R$ 26,25. Já as da Cielo ON foram a sexta maior alta, de 2,79%, com valor de R$ 42,30.
Para Francisco Kops, analista da Planner Corretora, o mercado mudou as expectativas após os resultados do primeiro trimestre, o que já demonstrava menor impacto do fim da exclusividade, ocorrida em junho de 2010. "Em relação ao segundo trimestre do ano passado, os resultados devem vir piores, porque ainda tinha a exclusividade. Agora (2º semestre de 2011) vêm iguais. É um mercado altamente rentável."
Para o HSBC, os balanços mostrariam que os efeitos da concorrência estão em estabilização. "Não esperamos que o 2º trimestre constitua um catalizador para o desempenho das ações. Notadamente uma desaceleração da queda da taxa de desconto comercial (MDR) líquida de cartões e forte crescimento do volume para as duas credenciadoras, em particular a Redecard".
A UBS Brasil Administradora de Valores, no entanto, recomenda a venda das ações da Redecard e Cielo, com preço-alvo de R$ 23,50 e R$ 34,20, respectivamente. Segundo o relatório, a performance de ambas é afetada pelas mudanças estruturais do mercado e pela preocupação do governo brasileiro em relação à regulação da indústria. O documento é assinado pelos analistas Alcir Freitas e Domingos Falavina. A Redecard registrou alta de 14,7% do lucro líquido ante o mesmo período do ano passado. Já na comparação entre abril e junho de 2010, houve redução de 13,9%, de R$ 374,6 milhões para R$ 322,6 milhões. "Crescemos 33%, o maior índice já registrado após a abertura de mercado e entrada da Visa. Agora somamos 25 bandeiras", comemorou Cláudio Yamaguti, presidente Redecard.
Sobre a queda em relação ao segundo trimestre do último ano, o diretor Executivo de Finanças Marcelo Kopel explicou que houve impacto da queda na taxa líquida e abertura de mercado. "Apesar do crescimento em volume de crédito e débito, não foi suficiente para recompensar a queda da taxa líquida.
É fruto, sim, da abertura do mercado e concorrência. Já na elevação na comparação com o primeiro trimestre de 2011, tivemos benefício de maiores volumes [financeiros] e trabalho nas taxas líquidas."
A receita operacional líquida apresentou expansão de 9,5% sobre o mesmo período, para R$ 888,1 milhões, e de 2,9% sobre o segundo trimestre de 2010. O Ebitda Ajustado chegou a R$ 521,5 milhões, o que representa aumento de 12,2% sobre o período de janeiro a março deste ano, e redução de 10,3% sobre o segundo trimestre de 2010.
O volume financeiro em cartões de crédito foi maior em 30,7% sobre o segundo trimestre de 2010 e de 9,8% ante os três primeiros meses de 2011, para R$ 37,457 milhões, com número de transações de 354,8 milhões. O volume em cartões de débito também apresentou alta sobre o período de abril a junho de 2010, de 38,6%, e de 4% sobre o primeiro trimestre deste ano, totalizando R$ 18,201 milhões. O número de transações neste segmento chegou a 340,8 milhões.
Para ampliar os negócios, a Redecard segue a estratégia de expansão de bandeiras. O presidente da instituição, Cláudio Yamaguti, destacou a primeira transação com a bandeira asiática China Unionpay até 2012, com 2,5 bilhões de cartões no mundo. Segundo Yamaguti, o plano é aproveitar a Copa do Mundo e Olimpíadas no Brasil. Outro investimento é o aumento da aceitação da Hipercard acima dos 85% atuais até o final deste ano.
Como parte da estratégia, a empresa pretende incentivar o uso de cartões pelos brasileiros, que atualmente é de 25% do consumo, enquanto nos países desenvolvidos chega a 45%, segundo Yamaguti. "Há oportunidades para o crescimento. Prevemos que a cada cinco anos, o mercado vai dobrar e vamos entrar também com transações não financeiras, como o programa Fidelidade Multiplus." O executivo cita como exemplo o programa Quilômetros de Vantagens nos postos Ipiranga.
Nenhum comentário:
Postar um comentário