27 de jul. de 2011

EMPRESAS DE CARTÕES DEVEM APRESENTAR BONS RESULTADOS

jornal DCI 26/07/2011 – Marcelle Gutierrez
O mercado de cartões evolui como importante meio de pagamento e de crédito no sistema financeiro. Para especialistas, o primeiro semestre de 2011 deve consolidar a expansão do setor. De acordo com dados da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs), o gasto médio por cartão de crédito atingiu R$ 195 por mês no final do primeiro semestre de 2011, crescimento de 7% sobre igual período do ano anterior. No caso do débito, a expansão é de 13%, para o gasto médio de R$ 63 mensais. Para 2011, a Abecs projeta que a participação do cartão no consumo das famílias chegue a 26%. Os investidores também veem o mercado de forma positiva nos primeiros meses do ano e o fato se reflete na alta das ações da Cielo e da Redecard.

De acordo com dados consolidados da Abecs do primeiro trimestre de 2011, o faturamento total foi de R$ 145,224 bilhões, com R$ 83,663 bilhões em cartões de crédito, R$ 43,339 bilhões em débito e R$ 18,222 bilhões em private label (rede e lojas). Para o final do semestre, a projeção da associação é de R$ 301,828 bilhões, um acréscimo, se confirmada a perspectiva, de 23% ante os seis primeiros meses de 2010.

Para o superintendente da Abecs, Fernando Barbosa, a contínua elevação está relacionada à entrada de novas pessoas no sistema financeiro e mudança cultural. "O crescimento dos meios eletrônicos é sustentado por alguns pontos, como mudança cultural, maior conveniência, ampliação da aceitação, além de bom período econômico do País e inclusão financeira."

Barbosa acrescenta que a manutenção da expansão acompanha a troca das formas de meio de pagamento, já que o brasileiro usará cada vez menos cheque e dinheiro. Para ele, o número de transações feitas por cartão ultrapassará 8,2 bilhões de operações em 2011.

O professor de Economia da ESPM, José Eduardo Amato Balian, acredita em bons resultados consolidados ao final do primeiro semestre de 2011, mas aposta em maior crescimento para os próximos anos. "É um mercado que nos últimos cinco anos cresceu cerca de 22% ou 24%. Mas a perspectiva de expansão é muito maior para o futuro, já que o brasileiro ainda utiliza muito o cheque e o dinheiro."

Outro ponto limitador da atual ampliação do uso dos cartões, na opinião de Balian, é a tecnologia. "Fora das grandes cidades a Internet ainda não funciona muito bem, o que dificulta a utilização das máquinas que passam cartão. A tendência é de crescimento, mas depende muito do hábito do brasileiro e da informática."

No que se refere ao desempenho no mercado acionário, as empresas credenciadoras apresentam desempenho estável nos últimos dias, o que demonstra a aposta também dos investidores em um setor em que não há retrocesso, pontua Balian.

Com 57,2% de participação (market share, na sigla em inglês), a Cielo registrou alta de 1,05% na Ibovespa na segunda-feira (25), com preço de fechamento de R$ 41,17. Na sexta-feira anterior, a oscilação foi negativa em 1,28% e preço de fechamento de R$ 40,71. Contudo, o desempenho dos dias anteriores foi positivo, com oscilação entre 0,47% na segunda-feira (18) e 1,05% na quinta-feira (21).

O fato também pode ser observado nas ações da credenciadora Redecard, que possui 42,8% de market share. Nesta segunda-feira (25), a companhia registrou alta de 0,33%, com preço de fechamento de R$ 24,32. Na última sexta-feira, a oscilação ficou positiva em 0,58%, com valor de fechamento de R$ 24,24. De segunda a quinta-feira, a oscilação permaneceu alta em 1,65% e 0,41%, respectivamente.

Segundo Francisco Kops, analista da Planner Corretora, os investidores passaram a observar de forma positiva as ações das credenciadoras após os resultados do primeiro trimestre de 2011 que, mesmo com queda, apresentaram um cenário de recuperação. "Em julho de 2010, aconteceu a abertura do mercado, acabando com a exclusividade da Cielo com Visa e Redecard com MasterCard. Com a abertura da concorrência, queda nas taxas e do aluguel das máquinas, houve uma redução da margem de lucro destas empresas. Então o mercado não sabia o que iria acontecer. No início de 2011, houve uma mudança de expectativas, com melhora do humor e otimismo do mercado de investimentos".

Em março, a Cielo fechou com lucro líquido de R$ 424,7 milhões, queda de 3,5% em relação aos primeiros meses de 2010. Já a Redecard obteve lucro líquido de R$ 281,3 milhões no período, recuo de 20,2 % na comparação de janeiro a março de 2010.

As mudanças na diretoria da Itaucard e Redecard, no final do mês de abril, também refletiu de forma positiva no humor dos investidores, aponta Kops. "Com o fim da exclusividade, a competição ficou mais acirrada entre Cielo e Redecard, o que derrubou a margem das duas. Depois da mudança da diretoria no Itaú e na Redecard, o mercado percebeu a harmonia com uma nova forma de atuação. Quando adquire uma ação dessas companhias, o acionista obtém uma grande participação de mercado."

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