jornal DCI 25/07/2011 - Marcelle Gutierrez
O mercado financeiro aguarda, a partir desta semana, a divulgação dos resultados dos bancos de capital aberto referentes ao primeiro semestre de 2011. A desaceleração da economia brasileira e elevação da inadimplência devem interferir nos números, mas o cenário continua favorável para as grandes instituições, que devem crescer 10% na comparação com o primeiro semestre de 2010, aponta especialista da consultoria de investimentos Lopes Filho. Já os bancos de médio porte podem anunciar resultados inferiores, por causa do aumento da concorrência, da inadimplência e de exigências de capitalização.
No primeiro trimestre de 2011, a soma do lucro líquido dos cinco maiores bancos ultrapassou R$ 12 bilhões, o que significou um avanço médio de 15% em relação aos resultados apresentados nos três primeiros meses de 2010 pelos gigantes do setor.
De janeiro a março, o Bradesco totalizou R$ 2,70 bilhões de lucro líquido contábil, aumento de 23,8% ante o do mesmo período de 2010. O Santander alcançou R$ 2,1 bilhões no critério dos International Financial Reporting Standards (IFRS), o que representa crescimento de 17,5% em comparação com o primeiro trimestre do ano anterior. Em relação ao mesmo período, o Itaú Unibanco atingiu lucro líquido contábil de R$ 3,5 bilhões, elevação de 9,1%.
Entre as instituições públicas, o Banco do Brasil obteve lucro líquido de R$ 2,9 bilhões, acréscimo de 24,7% ao do primeiro trimestre do ano anterior. Já a Caixa Econômica Federal teve elevação de 4,5%, para R$ 812,4 milhões na comparação com 2010.
Para João Augusto Salles, economista da Lopes Filho, a desaceleração acontece, mas com manutenção da rentabilidade. "Em linhas gerais, a média de avanço de 15% do lucro do primeiro trimestre deve desacelerar e chegar a 10% na comparação com o primeiro semestre do ano passado. Há pressão da inadimplência em pessoa física, mas deve manter a rentabilidade com repasse do risco para o tomador final", diz Salles, que acrescenta: "2011 é um ano de desafios para o sistema bancário, mas estão tentando e conseguindo manter o lucro".
Apesar das medidas macroprudenciais de contenção do consumo, com alta das taxas de juros, de compulsório e de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), o bom desempenho dos bancos deve novamente ser impulsionado pelo crédito.
"O Banco Central tem tentado desacelerar o crédito, mas não consegue porque a taxa de desemprego está em queda. Há novos consumidores", explica o economista.
Na busca por carteiras de melhor qualidade, as instituições procuram de forma mais intensa pequenas e médias empresas, consignado e imobiliário, o que deve prejudicar a rentabilidade dos bancos médios, já que há um aumento da competitividade. "Os números devem vir menores, porque os grandes pisam em segmentos que antes eram somente deles, aumentando a competição. Além disso, com o aumento da inadimplência, eles não têm para onde correr, pois são focados em nichos", explica Salles.
No caso das carteiras focadas para pequenas e médias empresas, o professor de Finanças da ESPM, Adriano Gomes, discorda da queda nos resultados dos bancos de pequeno e médio porte. "O grande ainda não tem experiência com esse tipo de crédito e atua mais em desconto de recebíveis. O empresário também parte para os bancos de segunda linha por causa do limite de crédito oferecido, que é superior."
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