15 de mai. de 2011

VALID CONCLUI SUCESSÃO NA PRESIDÊNCIA

jornal Valor Econômico 12/05/2011 - Filipe Pacheco

Eles continuarão a ocupar salas vizinhas na sede da Valid no Rio de Janeiro, mas, se a empresa tivesse o hábito de imprimir os cargos de seus funcionários nos cartões de visitas, os mesmos registrariam a mudança. Sidney Levy, que por 17 anos presidiu a companhia que confecciona desde cartões de crédito a cédulas de identidade e carteiras de habilitação, passa hoje o cargo a seu vice-presidente de operações, Jose Roberto Mauro, um veterano com 27 anos de casa. Levy será o novo presidente do conselho da empresa.

Com perfis pessoais um tanto diferentes - Levy é expansivo e brincalhão, enquanto Mauro é mais fechado e discreto - os dois trabalharam em um conjunto em mudanças recentes da empresa, que incluem a alteração de nome em outubro do ano passado, quando deixaram de ser conhecidos como ABnote.

Mauro, graduado em engenharia de produção pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e com mestrado na mesma área, liderou a reestruturação na divisão dos produtos e reorganizou os cerca de 5 mil funcionários em três áreas específicas: meios de pagamento, que incluem cartões de crédito com ou sem chip, talões de cheque; telecomunicações, com SIM cards e recargas de telefones; e sistemas de identificação, que englobam a impressão de cédulas de identidade e a coleta de impressão digita e reconhecimento facial.

O balanço do primeiro trimestre de 2011, divulgado na terça-feira, já apresenta os resultados segundo essa nova concepção. A receita líquida atingiu R$ 206 milhões, 21,1% superior a um ano antes, e o lucro líquido foi de R$ 23,2 milhões, 21,5% maior que o do primeiro trimestre de 2010. Já o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) nos primeiros três meses do ano ficou em R$ 43,1 milhões - meios de pagamento, área que responde por 48,9% da receita líquida, foi a única a apresentar crescimento nesse quesito, de 190,4% ante o primeiro trimestre do ano passado, enquanto sistemas de identificação e telecomunicações apresentaram quedas de 6,8% e 24,8%, respectivamente, na mesma comparação.

"O foco da gestão será a consolidação dos cartões com chip", diz Mauro. Hoje eles representam cerca de 30% de todos os cartões ativos no mercado brasileiro. Clientes de peso do setor, como Banco do Brasil e Itaú Unibanco, cobram por novidades na área, como a possibilidade de pagar contas com celulares. Mas os dois afirmam que ainda não existe um modelo exato a ser seguido. "No Japão, uma empresa de telefonia comprou um banco e aí fez o modelo dela. Mas aqui isso não vai acontecer", conta Levy.

Empresa fará cartão de identidade

Em nove anos, todo brasileiro deverá trocar o velho RG por um documento do tamanho de um cartão de crédito com dois chips contendo informações que vão de número de identidade e título de eleitor a altura e cor dos olhos. Para a Valid, que domina tanto a confecção de cartões quanto o manejo de dados sigilosos e certificação digital, o RIC (Registro de Identidade Civil) é uma grande oportunidade.

Jose Roberto Mauro, que hoje assume o cargo de presidente, diz que a empresa está envolvida em todas as etapas de desenvolvimento do RIC, mas que não comentará "nem sob tortura" sobre a polêmica em relação ao seu custo. Cada brasileiro teria de pagar R$ 40 pelo cartão, valor considerado alto pelo governo. "É um produto de alta qualidade, e o preço depende de uma série de fatores", diz.

A Valid já trabalha no processo de confecção das primeiras unidades, que devem ser expedidas gratuitamente a partir de julho. O projeto está sob coordenação do Instituto Nacional de Identificação e terá intermediação da Casa da Moeda, que informou que contará com parcerias "para repassar conhecimentos que ainda não domina".

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