jornal DCI 06/05/2011 - Marcelle Gutierrez
O mercado de credenciadoras de cartões de crédito e débito apresenta certa instabilidade desde 2010 por causa do aumento da concorrência e de futuras mudanças em regulamentações, mas resultados parecem tranquilizar os investidores. No balanço de resultados do primeiro trimestre de 2011, a Cielo teve lucro líquido de R$ 424,7 milhões, com queda de 4,2% na comparação com o último trimestre e de 3,5% em relação aos primeiros meses de 2010. A concorrente Redecard apresentou queda de 20,2%, para R$ 281,3 milhões no mesmo período. Na contramão dos números, a Cielo aumentou sua participação para 57,2%, contra 42,8% da Redecard.
O volume financeiro de transações totalizou R$ 70,2 bilhões, uma expansão de 19,5% em relação ao mesmo período do ano passado. Já a receita operacional líquida acrescida da receita líquida proveniente das operações de antecipação de recebíveis somou R$ 1,08 bilhão, com aumento de 6,1%. Outro fator que representa o potencial crescimento futuro da empresa é o início das operações da bandeira Elo, que é exclusiva da Cielo e tem distribuição de três grandes bancos, o Bradesco, Banco do Brasil (BB) e Caixa Econômica Federal (CEF).
O mercado de ações recebeu positivamente a notícia da líder em adquirência. Na Ibovespa, a Cielo registrou a maior alta de ontem, as ações ON registraram elevação de 11,18%, com valor de fechamento em R$ 13,42. A Redecard também foi beneficiada com o bom desempenho da concorrente e registrou a segunda maior alta do dia, de 6,38%, com preço de R$ 24. O Ibovespa registrou queda de 0,33%.
Segundo Rômulo de Mello Dias, presidente da Cielo, o foco está na rentabilidade e que para avaliar a participação, não é recomendado realizar a comparação com o primeiro trimestre do ano passado, já que a Cielo só atuava com a bandeira Visa e o mercado estava fechado para outros concorrentes. "Em dezembro, nosso market share era de 56,9% e em março estamos com 57,2%". Se considerarmos o Santander, a participação da Cielo fica em 56,5%, a Redecard com 46,2% e o banco com 1,3% no primeiro trimestre de 2011", argumentou Mello Dias, que acrescentou "Nossos resultados são muito satisfatórios ao considerar o novo ambiente, e o fato de termos preparado a companhia para preservar sua liderança e oferecer diferenciais que resultem em mais vendas aos nossos clientes" O Santander começou a operar no mercado de adquirência em abril do ano passado e até março possuía 126,7 mil estabelecimentos credenciados, com expectativas de chegar a 300 mil em 2012. A Cielo encerrou o trimestre em 5.480 municípios e o número de estabelecimentos comerciais credenciados ativos totaliza 1,085 milhão.
O aumento em 14,1% da captura em transações de débito e crédito também representaram o crescimento da empresa, para 1,059 bilhão em transações. Na comparação com o primeiro trimestre de 2010, o segmento de cartões de crédito teve volume financeiro de R$ 44,3 bilhões, com elevação de 18%. O tíquete médio foi de R$ 72,64, valor 4,5% acima ao dos meses iniciais de 2010. Já na categoria cartões de débito, o volume financeiro de transações atingiu R$ 25,9 bilhões, um crescimento de 22%. O tíquete médio foi de R$ 57,86, com elevação de 5,7%.
No que se refere a ampliação do número de bandeiras credenciadas, a empresa revelou novas parcerias com o grupo Sodexo, Bônus CBA, Mais!, Cabal Vale, Verocheque, Banescard e Sapore. Em abril, a Cielo iniciou o processo de habilitação para captura das transações dos cartões Elo. Segundo Mello Dias, uma bandeira fundamental no mercado brasileiro. "O potencial da Elo em comparação com outras é diferente, pois há distribuidores de grande porte [Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Bradesco]. Mas ainda não faz diferença no volume financeiro, já que a bandeira não existia até dias atrás. Estamos no processo de habilitação dos lojistas e os bancos na estratégia de distribuição."
O processo de renegociação dos contratos com as grandes redes de varejo é intensificado no primeiro trimestre e com a Cielo 85% já foram iniciados. No entanto, o presidente afirmou que muitos não foram implementados e, por isso, devem refletir impacto nos resultados do segundo trimestre. "Dos 15% restantes, parte está indecisa, e outra, dividida [Cielo e Redecard]". Em relação ao pequeno lojista, Mello ressaltou a importância dos serviços, atendimento, tecnologia e preço do aluguel da máquina para a captura de operações (POS).
As taxas cobradas por transações com cartão de crédito tiveram queda, com taxa líquida de 1,22% por operação nos terminais, em comparação com 1,48% do mesmo período do ano passado. A receita com aluguel dos terminais foi de R$ 268 milhões, queda de 8,9% no total de 12 meses e de 2,6% ante o último trimestre . O aluguel médio do POS ficou em R$ 53, queda de 10,4%.
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