jornal Brasil Econômico 12/05/2011 – Thais Folego
Com uma barreira difícil de transpor como o dinheiro vivo numa economia ainda bastante informal como a brasileira, os bancos estão cada vez mais interessados em um instrumento que já se mostrou bastante eficiente em outros países para acessar a população não bancarizada: o cartão pré-pago.
O Citibank, por meio de sua administradora de cartões, a Credicard, irá lançar no segundo semestre deste ano uma linha de cartões desse tipo, conta Luiz Almeida, superintendente de produtos da Credicard. “Nossa grande aposta será no produto de uso geral, para fazer pagamentos, saque e uso em compras na internet”, afirma Almeida.
A estratégia já vem sendo adotada por outras instituições financeiras. No fim de abril, o Panamericano, em parceria com a Mastercard e a REV (empresa global de soluções de pagamentos), anunciou um pré-pago multiuso, que pode ser usado para compras, saques e transferências. Já os esforços dos bancos Bradesco, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal (CEF) no segmento estão concentrados na holding Elo, que além de uma bandeira nacional de cartões, tem um braço específico para plásticos de pagamento antecipado.
“O pré-pago foi redescoberto no Brasil”, avalia Antônio Jorge de Castro Bueno, coordenador do Grupo Setorial de Pré-Pagos (GSPP). Ele lembra que a primeira geração de produtos “pague antes, gaste depois” foi de cartões de incentivo (em que empresas podiam pagar bônus e prêmios aos funcionários), mas por serem mal utilizados (incluindo lavagem de dinheiro ao drible de lei trabalhistas) caíram no desuso.
Agora que o desenvolvimento econômico do país tem levado à ascensão social de milhões de brasileiros, o cartão pré-pago se tornou a menina dos olhos dos bancos para abocanhar uma parcela desse público que ainda está fora do sistema bancário. “O desenvolvimento econômico e social do país criou uma classe ansiosa por ter meios eletrônicos de pagamento”, diz Bueno.
Pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisas Fractal reforça o potencial de migração de meios de pagamento. O estudo aponta que 85% das pessoas de baixa renda pagam suas compras de supermercado com dinheiro. Foram entrevistadas 2.960 pessoas, com renda mensal de até R$ 800 mensais, em dez cidades brasileiras entre elas São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador.
Estratégia Credicard
O primeiro produto da série de pré-pagos da Credicard será lançado para a marca Credicard Emoções, voltada para os fãs do cantor Roberto Carlos. O segundo passo será o cartão de uso comum, focado no público que não possui acesso a produtos financeiros, que tem restrições a crédito, trabalha no mercado informal ou “não gosta de banco”, diz Almeida. Exatamente por conta disso, a oferta será feita principalmente nas 100 lojas da financeira da Credicard espalhadas pelo país.
Muito identificado com o público de alta renda, o Citibank tem usado a marca da Credicard para chegar a outros públicos. Uma das ações para aumentar a popularidade tem sido, nos últimos dois anos, ações de merchandising no televisivo Programa do Faustão.
Uma terceira linha de produto será na área de câmbio, com um cartão pré-pago para viagem. “Vamos aproveitar que somos o maior banco de câmbio do país e lançar um cartão com bandeira internacional, para que ele seja aceito em vários lugares do mundo”, diz Almeida.
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