jornal Brasil Econômico 05/05/2011 - Natália Flach
Os consecutivos aumentos dos preços no Brasil aliados às medidas macroeconômicas para reduzir a concessão de crédito no país são, atualmente, as principais preocupações do nova-iorquino Mark Greene. Afinal, a redução de consumo e a elevação da inadimplência são os maiores entraves para que a companhia que ele preside possa dobrar, neste ano, o seu faturamento por aqui. A Fico, empresa americana que desenvolve softwares e sistemas de análise de crédito e de gestão de decisão, tem em sua carteira de clientes os sete maiores bancos no Brasil. Entre eles, estão Itaú, Santander e Bradesco.
É exatamente por este motivo que o país responde por um terço da receita da companhia na América Latina. “Nós não separamos o faturamento por região”, afirma Greener, sem detalhar os números da subsidiária brasileira.
Na carteira global de clientes, os de maior peso são os bancos, que representam 70%do faturamento da Fico, enquanto os 30% restantes se distribuem entre seguradoras, varejistas e empresas de seguro saúde. No Brasil, o ranking segue a mesma ordem, segundo Greene. Agora, a companhia está de olho nas seguradoras brasileiras, e já possui como cliente uma das maiores do mercado, a SulAmerica Seguros.
De acordo com o executivo, os softwares desenvolvidos pela companhia podem ser divididos em quatro categorias. A primeira, denominada “mercado”, refere-se à análise de novos consumidores, enquanto a chamada “originação” tem como objetivo determinar o preço e o produto certo para cada consumidor. A companhia oferece ainda um sistema que revisa o histórico dos clientes (se pode conceder mais crédito ou não, por exemplo) e outro que ajuda a resolver questões como inadimplência e fraudes. “Nossos softwares representam 70% de todos os sistemas usados no mundo”, diz.
A intenção é intensificar a atuação da Fico nos quatro segmentos nas instituições brasileiras. “Com o início do funcionamento do cadastro positivo, o mercado de crédito ficará ainda mais seguro, e os brasileiros poderão se tornar os grandes consumidoresmundiais”, prevê.
Mesmo com o aumento do faturamento das operações fora dos Estados Unidos nos últimos três anos — passando de 33% para 35% do volume total —, a receita global da companhia caiu no período. Em2010, a Fico arrecadouUS$ 605milhões ante os US$ 630 milhões do ano anterior. Em 2008, o montante foi de US$ 744 milhões, ficando pouco abaixo dos US$ 784 milhões de 2007.
Segundo Greene, essa queda se deve à venda de áreas que não eram estratégicas para a companhia e à recessão americana. “Os EUA ainda estão se recuperando da crise”, diz. Fora isso, a companhia ainda investiu bastante nas subsidiárias brasileira e chinesa, os principais focos de crescimento da Fico. “No entanto, os lucros cresceram, por causa da redução de custos”, acrescenta Andreas Suma, diretor para a América Latina. Até 30 de setembro de 2010, dado mais recente, o lucro bruto da companhia somava US$ 106,6 milhões ante US$ 108,9milhões registrados no ano de 2009.
Crescimento acelerado
No ano passado, o mercado de crédito cresceu 20%no Brasil, e, em março, o estoque passou a representar 46,4% do Produto Interno Bruto brasileiro, segundo o Banco Central. “Isso mostra que há muito espaço para crescer neste segmento, afinal, metade dos brasileiros ainda não está inserido nele”, diz Greene. Já na China, o mercado dobra todos os anos, segundo ele, apesar de ainda representar 30% do PIB. “As similaridades são inúmeras. Mas lá o governo é centralizado e precisa-se atentar para o plano de crescimento de cinco anos. Aqui, o importante, no momento, é ficar de olho na alta da inflação.”
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