jornal Valor Econômico 04/05/2011 - Suzanne Kapner (Financial Times)
A MasterCard anunciou ontem um aumento de 24% no lucro líquido do primeiro trimestre, depois que consumidores e empresas continuaram aumentando seus gastos em todas as partes do mundo. Mas a segunda maior processadora de pagamentos de cartões de crédito do mundo também emitiu uma nota de alerta sobre o efeito que o aumento dos preços da gasolina e das commodities terá sobre os gastos do consumidor no futuro.
A MasterCard disse que não viu até agora evidências de uma desaceleração, mas continua monitorando cuidadosamente a situação. "Se você computar a inflação dos preços dos alimentos e da gasolina nos Estados Unidos, onde os preços das moradias ainda estão fracos e o desemprego está alto, isso poderá sobrepujar os gastos com o excedente de renda e afetar o crescimento econômico", diz Martina Hund-Mejean, diretora financeira da MasterCard.
Apesar dessas preocupações, o volume de transações processadas pela MasterCard em abril, o primeiro mês de seu segundo trimestre, superou o ritmo estabelecido no primeiro trimestre. Isso se deveu em parte a uma onda de gastos que normalmente ocorre por volta do feriado de Páscoa, mas também refletiu um contínuo "aumento dos gastos, não só pelos mais ricos, mas também pela classe média", acrescenta Hund-Mejean.
Na manhã de ontem, os investidores pareciam ignorar as preocupações inflacionárias e outras questões persistentes em relação ao impacto que as regras para os cartões de crédito que serão implementadas em breve terão sobre os negócios futuros da MasterCard nos EUA, e elevaram o preço da ação da companhia em 2,5%, para US$ 282,30, na Bolsa de Valores de Nova York. No fim do dia o papel estava cotado a US$ 282,38, em alta de 2,58%.
A MasterCard anunciou lucro líquido de US$ 562 milhões no primeiro trimestre, ou US$ 4,29 por ação, ante US$ 455 milhões, ou US$ 3,46 por ação, do primeiro trimestre de 2010. A companhia obtém 60% de suas receitas fora dos Estados Unidos e esses mercados globais vêm mostrando crescimento mais vigoroso.
As transações brutas em dólar no primeiro trimestre aumentaram 20% na Ásia, Oriente Médio e África, em comparação a 6% nos EUA. A MasterCard vêm correndo para conseguir clientes em mercados emergentes da Ásia e América Latina, para seus serviços bancários móveis e também está trabalhando com o governo indiano no fornecimento de opções de pagamentos a agricultores locais e outros que tradicionalmente sempre estiveram alijados do sistema financeiro.
Além da ameaça da redução dos gastos do consumidor induzida por pressões inflacionárias, a MasterCard está lutando com as novas regras elaboradas para limitar o dinheiro que os comerciantes recolhem dos bancos cada vez que um cartão de débito é usado.
As novas regras, muito contestadas, estão sendo elaboradas pelo Federal Reserve e devem ser implementadas em julho. Elas poderão levar bancos a renegociar taxas que eles pagam a processadoras de cartões como Visa e MasterCard. Os bancos e as processadoras vêm fazendo lobby no Congresso americano para adiar as regras na esperança de que, com mais tempo, eles possam abrandar seus efeitos sobre os resultados.
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