jornal DCI 14/01/2011 - Flávia Milhassi
Animadas com o crescimento que oscila entre 20% a 25% por ano, as cooperativas de crédito mostram potencial e se firmam como uma opção a mais na concessão de crédito no Brasil.
Consideradas instituições sem fins lucrativos, as cooperativas atuam em todos os setores e diferentemente dos bancos, conseguem ser mais atrativas aos que procuram por recursos financeiros por suas taxas mais baixas.
Segundo dados divulgados pelo Banco Central (BC) no final de 2010, as cooperativas acumulavam uma carteira de crédito de R$ 29,485 bilhões até novembro. No total, existem hoje no País, em atuação, 1.380 cooperativas de crédito que representam 2% do Produto Interno Bruto (PIB) e que totalizam R$ 80 bilhões em ativos, com participação cada vez mais importante no total de operações de crédito no Brasil.
Para o especialista Márcio Port, do portal Cooperativismo de Crédito, as pessoas ainda confundem cooperativas com financeiras e até mesmo com agiotas, mas na verdade, essas empresas servem para ajudar o desenvolvimento nacional e atingir a população localizada em pequenos municípios. "Quem já está endividado não consegue crédito, mas um dos diferenciais dessas cooperativas é atuar onde os bancos não estão, e elas se diferenciam por ter taxas mais atrativas das disponíveis no setor bancário", explica Port.
O especialista mencionou que atualmente, no Brasil, 4,5 milhões de pessoas utilizam o sistema de cooperativa, o que enfatiza seu potencial de crescimento.
"Estimo que este ano o setor cresça em torno de 20%, ritmo agressivo e bem competitivo com os bancos", diz, e completa: "Estamos bem regularizados, temos uma das melhores legislações em nível mundial. Tem países que se inspiram em nossas normas para regular o setor".
Com atuação em diversos estados brasileiros e com 125 cooperativas de crédito está o Sicredi. Uma das pioneiras no País, a empresa conta com 1 milhão e 750 mil associados e administra R$ 22 bilhões em créditos no mercado.
Para o presidente Executivo do Sicredi, Ademar Schardong, o diferencial desse setor está em seu sistema societário.
"O grande diferencial das cooperativas de crédito está no tipo societário, não nos produtos oferecidos. Não temos potencial de competir com os grandes bancos, trabalhamos para atender as necessidades de determinadas regiões, à pessoas físicas e a empresas de pequeno e médio porte", explica o executivo.
Ainda segundo Schardong, a entidade projeta em 5 anos crescer ao menos 50% no setor de cooperativismo de crédito em número de associados e em ativos. "Esperamos em 2015 ter 3.500 associados e movimentar R$ 58 bilhões em ativos, e por consequência atingir 10 milhões de pessoas nos dez estados em que atuamos", explica.
Quando questionado sobre as restrições de crédito impostas pelo Banco Central no final do ano passado, que retiraram da economia um montante significativo, o executivo diz que há impacto, sim, pois o Sicredi é um banco também, mas mesmo assim as expectativas são boas para o setor. "Teremos impactos, mas serão menores. O crescimento das cooperativas é de interesse da política monetária do Banco Central, e da sociedade, por sua capacidade de trazer equilíbrio ao sistema financeiro nacional."
Para Márcio Port, não existirá impacto, pois as obrigações das cooperativas são diferentes das dos bancos. "Não temos de recolher compulsório, então as medidas não têm impacto sobre as operações", completa.
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