jornal Brasil Econômico 31/01/2011 - Thais Folego
Ela nasceu como o programa de milhagens da companhia aérea Tam. Cresceu. Foi segregada. Abriu o capital. Hoje, prestes a completar um ano de independência, vale tanto quanto a sua companhia "mãe". O atual valor de mercado da Multiplus, que se tornou uma rede de programas de fidelidade, é de R$ 5,02 bilhões, enquanto o da Tam é de R$ 6,18 bilhões.
Desde sua estreia na bolsa, no dia 4 de fevereiro do ano passado, as ações da Multiplus dobraram de valor.
Tiveram valorização de nada menos que 100%. Os papéis saíram dos R$ 15,81 ao fim do primeiro dia de pregão em fevereiro e chegaram a bater R$ 35,15 em dezembro. Na sexta-feira (28/1), os papéis fecharam cotados a R$ 31,10, em dia de forte aversão ao risco no mercado externo. No período, os papéis da Tam subiram 26% na bolsa.
O comportamento das ações na sexta, inclusive, reflete uma característica da base acionária da companhia: ter a maioria de investidores entre estrangeiros. Na oferta pública inicial (IPO) da companhia, 82% dos papéis ofertados ficaram com eles. Na composição do capital acionário da Multiplus, a Tam detém 73,2% das ações. Os 26,8% restantes estão espalhados entre diversos investidores de bolsa.
"O investidor externo é familiarizado com o nosso modelo de negócios", diz Eduardo Gouveia, presidente da Multiplus. A inspiração para transformar o programa de fidelidade da Tam em uma rede de coalizão de programas - permitindo que uma cliente junte numa única conta os pontos acumulados nos vários programas de fidelidade de que participa - foi em uma empresa canadense chamada Aeroplan.
Avanço
A valorização da ação da companhia pode ser vista, apesar de não haver uma outra empresa que atue no mesmo ramo na bolsa brasileira - parâmetro de comparação que os investidores normalmente usam - e ter um modelo de negócios inédito no país. Isso foi conquistado, além de resultados, com muitas "aulas" para o investidor para explicar o que a empresa faz. "Eu costumo dizer que somos compradores e vendedores de pontos", diz Gouveia.
Desde que assumiu a presidência da companhia, há 10 meses, Gouveia já participou de três road shows: Nova York, Canadá e Europa (Londres e Frankfurt). "Foram mais de 1.200 contatos com o investidor, entre road shows, reuniões e conferências com bancos de investimentos", conta Gouveia.
Outro fator foi a cobertura do papel por analistas de bancos de investimentos relevantes. Atualmente são cinco instituições avaliando a companhia: Credit Suisse, Merrill Lynch, BTG, Raymon James e Safra. O objetivo é ter 10 até o final do ano, projeta Gouveia.
Resultados
Em seu primeiro ano de independência, o Multiplus deve fechar com faturamento de R$ 1 bilhão e 7,6 milhões de clientes cadastrados. Os resultados refletem o esforço comercial da companhia em fechar parcerias. De um lado, com empresas que possuam programas de fidelidade (parceiros de acúmulo).
De outro, com empresas em que os clientes podem trocar os pontos por produtos (chamados parceiros de coalizão). "Já temos quase 150 parceiros de acúmulo e 14 de coalizão", diz Gouveia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário