jornal DCI 14/01/2011 - Gleyma Lima
Tudo indica que a Lojas Americanas será a próxima a anunciar uma compra no mercado varejista. Com indícios de negociações a portas fechadas, especialistas do mercado afirmam que a empresa acaba de assediar a carioca de eletroeletrônicos Casa & Vídeo, além de que a rede já teria feito propostas para o site de comércio eletrônico B2W.
Procurada, a Casa&Vídeo confirmou à reportagem que conversas com a rede Americanas aconteceram, mas já se teriam encerrado. Já a Lojas Americanas afirmou que oficialmente a última negociação com a rede carioca foi em junho do ano passado. Entre propostas de fusão e aquisição, nada foi concretizado até o momento.
De qualquer modo, para crescer no mercado regional a empresa carioca também afirma que quer, neste ano, aumentar o faturamento de 2010, que foi de R$ 1,3 bilhão. Tanto que, após uma reestruturação, a Casa & Vídeo não descarta a possibilidade de abrir capital, ou até de receber novos sócios para compor a rede.
Enquanto nenhuma das decisões é tomada, a varejista carioca quer aumentar em 15% até 2012 o efetivo de 66 lojas que possui até o momento. Segundo o diretor Comercial da empresa, José Mauro Abrahão, atualmente a varejista precisa agregar valor para aumentar as vendas, cujo tíquete médio é de R$ 70. "Queremos continuar marcando presença nos lugares mais populares no Estado do Rio de Janeiro", explicou o porta-voz, a respeito dos planos da rede.
O raciocínio tem lógica, já que a Casa & Video abriu cinco lojas no Estado do Rio em 2010, e pretende abrir cinco a 10 lojas este ano. A empresa, que vende produtos para o lar, eletrônicos e eletrodomésticos - assim como Casas Bahia, Baú, Ponto Frio, Extra, Magazine Luiza, e Ricardo Eletro, entre outras -, lançou seu cartão de crédito de marca própria em junho último e está negociando com uma instituição financeira para expandir a operação. As vendas com o cartão atualmente representam 1,5% do total. Com foco nas classes C e D, o diretor Comercial enfatiza a importância do aumento da renda e da disponibilidade de crédito para atrair cada vez mais os consumidores às lojas. "Hoje 80% das nossas lojas estão localizadas nas periferias cariocas, e em 2010 e o aumento de renda fez com que mais consumidores fossem aos nossos pontos-de-venda", afirmou Abrahão, ao DCI.
Aquisições no varejo
Nos últimos anos, o segmento de eletroletrônicos foi responsável pela maior movimentação do varejo até hoje, com a união de forças do Grupo Pão de Açúcar (GPA) com a Casas Bahia e com o Ponto Frio, além da fusão da Ricardo Eletro com a Insinuante, para criar a segunda maior do ramo - a Máquina de Vendas. O Magazine Luiza também foi às compras e adquiriu a rede nordestina Lojas Maia, ano passado.
No setor supermercadista, a última compra se deu em outubro de 2010, quando o grupo chileno de supermercados Cencosud adquiriu a rede mineira Bretas. Com essa compra, por cerca de US$ 800 milhões, a empresa duplicou sua presença no mercado brasileiro, onde já estava presente com a bandeira do nordeste GBarbosa, além da Perini.
B2W
Enquanto a conversa sobre a compra da Casa&Vídeo, ou a entrada de um fundo de private equity, também cogitada pelo mercado, fica por ser resolvida, a gigante B2W ganha os holofotes, mas o cenário fica confuso, pois a Lojas Americanas negou oficialmente a proposta. Hoje, a Lojas Americanas detém quase 55% do capital da empresa de comércio eletrônico, que é também dona dos sites Americanas.com, Submarino e Shoptime.
Em queda em 2010 as ações do site de comércio eletrônico caíram 34%, com os resultados abaixo do esperado. Mas a desvalorização já se iniciou no fim de 2009, com a perspectiva clara de aumento da concorrência em seu negócio, sem esboço de reação da companhia, após a associação entre Pão de Açúcar e Globex.
Ao longo do ano passado, a B2W foi pressionada pela intensificação da concorrência no varejo on-line e por queda das margens, contrariando o cenário favorável para o consumo doméstico.
Refletindo a preocupação do mercado, as ações da B2W tiveram queda acumulada de 34% em 2010, respondendo pelo pior desempenho entre os papéis da carteira teórica do Ibovespa, o principal índice do mercado acionário brasileiro. Em agosto passado, a B2W informou que até o fim de 2010 terminaria de estruturar sua plataforma de unificação de marcas. Mas, depois de sofrer queda de 75% do lucro líquido do terceiro trimestre, a varejista on-line estimou, em novembro, que a integração das operações seria concluída em 2011.
O comércio varejista deve fechar o ano de 2010 em alta. O economista da Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL) Fernando Sasso previu ontem que o faturamento do varejo em 2010 tenha registrado alta de 12% na comparação com 2009. Já as vendas do varejo no Brasil subiram 8,25% em 2010, na comparação com 2009, segundo pesquisa da entidade. Em dezembro, houve crescimento das vendas de 10,56% na comparação com o mesmo mês de 2009 e alta de 34,17% ante novembro de 2010. De acordo com a CNDL, a inadimplência recuou 1,85% no ano passado na comparação com 2009. Também foi verificada queda da inadimplência em dezembro ante novembro, de 4,49%.
Na comparação com dezembro de 2009, houve um aumento de 2,73% na inadimplência em dezembro do ano passado. Sasso comentou o motivo da inadimplência. "Vestuário, calçados e eletroeletrônicos sofrem com o calote, principalmente quem vendeu a prazos maiores", enfatizou. O levantamento baseou-se em consultadas feitas por lojistas.
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