jornal Diário do Nordeste (CE) 24/03/2011 - Ilo Santiago Jr.
Faz mais de um ano que o comércio de Fortaleza não vive um momento tão especial. O motivo, segundo especialistas, é a combinação positiva dos seguintes fatores: endividamento alto (o que revela que fortalezense não parou de comprar), o recuo, nos últimos 13 meses, da taxa de pessoas com dívidas em atraso e, especialmente, do índice de consumidores que não terão condições de honrar seus compromissos. Tudo isso consolidado com a redução acentuada de registros no SPC, divulgada, ontem, com exclusividade, pelo Diário do Nordeste.
A análise desse cenário favorável para o varejo da Capital cearense é corroborada pelas informações da Pesquisa do Perfil de Endividamento do Consumidor de Fortaleza, feita pelo Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento do Comércio (IPDC), ligado a Fecomércio-CE.
Números confirmam
Conforme o levantamento, o percentual de consumidores endividados atingiu 62,2%, o patamar mais alto na série histórica dos últimos 13 meses. Em março de 2010, o índice tinha sido de 60,2% e em fevereiro deste ano chegou a 56,2%. Na opinião do vice-presidente da Fecomércio-CE, Ranieri Leitão, é natural que depois do Carnaval, a quantidade de endividados suba. "É normal. Não está fora do parâmetro esse aumento de seis pontos percentuais sobre o mês passado, que, em parte, foi puxado pela alta na compra de veículos pela classe A e B", comenta.
Ele destaca que o mais importante é a correlação com os números que traduzem as contas em atraso e a possibilidade destas serem (ou não) pagas pelos fortalezenses. Segundo a pesquisa, a taxa de consumidores com dívidas atrasadas chegou a 16,4%. O menor patamar registrado desde março do ano anterior (23,0%) e inferior, também, ao índice do mês passado (17,8%), que até então tinha sido o mais baixo deste ano.
Um outro aspecto importante abordado pelo estudo foi a taxa de inadimplência potencial, ou melhor, a proporção de fortalezenses que já possuem contas pendentes e não terão condições financeiras, nos próximos dias, de quitar seus débitos.
Nesse ponto - o mais temido pelos comerciantes - houve uma retração significativa. A taxa chegou a 3% neste mês (o mais baixo na série dos últimos 13 meses) ante 5,9% de fevereiro e 5,7% em similar período do ano passado.
Para Ranieri, há duas razões para essa mudança no comportamento do fortalezense. "O consumidor é inteligente e percebe a alta nos juros. Ele prefere pagar em dia para evitar a incidência de juros exorbitantes. Além disso, o desemprego em queda também é fundamental".
Mais renda
Na mesma linha de pensamento, o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Fortaleza, Freitas Cordeiro, acredita que o ganho real na renda mensal familiar tem sido outro ponto de destaque para explicar esse quadro otimista na Cidade.
"Temos a recuperação do emprego, claro. Mas também é notória a recuperação do valor do salário, que, hoje, já corresponde a mais de 300 dólares". Para Freitas, o inchaço da classe média é a comprovação desse quadro positivo, com a mudança na estratificação social, que era representada por uma pirâmide e, agora, é vista como um losango. "Somos o para-choque. O termômetro da economia por conta do contato direto com o consumidor final. Se o momento é bom para o varejo também é bom para toda a cadeia produtiva", confirma, ressaltando que, para completar, está sendo realizado mais um período de promoções especiais, por meio do Fortaleza Liquida.
Oportunidades
"Se o endividamento está alto é porque existem condições de prazo no mercado"
Ranieiri Leitão
Vice-presidente da Fecomércio-CE
"A ocasião é ótima para comerciantes e consumidores, que estão satisfeitos"
Freitas Cordeiro
Presidente da CDL Fortaleza
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