jornal Brasil Econômico 24/03/2011 - Thais Folego
No mundo de cartões, o segmento que mais tem espaço para crescer é o de pré-pagos, tanto no Brasil como no mundo. Enquanto no ano passado os cartões de crédito movimentaram no Brasil R$ 313 bilhões, os de débito, R$ 159,6 bilhões e os de loja, R$ 68, 4 bilhões (dados da Abecs), os pré-pagos movimentaram R$ 89 bilhões, sendo R$ 34 bilhões pré-pagos de telefonia móvel e fixa (dados da consultoria Boanerges & Cia.).
Por conta disso, as bandeiras de cartões internacionais têm dado prioridade ao segmento, principalmente em países em que a população ainda é pouco bancarizada, como no Brasil, em que esse tipo de instrumento é grande candidato a porta de entrada para o mundo de produtos financeiros. É o caso da Mastercard. “Enxergamos grandes oportunidades em pré-pago e o elegemos globalmente como prioridade”, diz Gilberto Caldart, presidente da Mastercard Brasil.
A marca de cartões criou uma unidade de negócios dedicada a pré-pagos no país, com uma estratégia diferente da adotada pelos concorrentes. Além de conceder licença para emitir cartões a instituições não bancárias (desde que atendam às regras da bandeira), a companhia oferece serviços de processamento e gerenciamento de programas.
Diferencial
“Temos condições de oferecer o que o emissor desejar. Todo o processo, desde a fabricação dos cartões até o processamento, passando pelo papel de bandeira, ou só uma das pontas, se assim ele quiser”, diz Caldart. Segundo ele, isso os torna mais competitivos e abertos às empresas interessadas em entrar neste mercado.
O serviço de gerenciamento de programa envolve contratação e gestão da processadora, fabricação dos cartões, administração do programa para a instituição emissora (carga, descarga, consulta de saldo), suporte para o emissor (orientação co mercial e treinamento), central de atendimento e back office.
Um dos diferenciais da bandeira citados por fontes do mercado é exatamente a flexibilidade quanto à concessão de licença de emissor para instituições não financeiras—um exemplo é a rede varejista Renner, que tem licença para emitir cartões da loja com a marca da Mastercard.
Sua principal concorrente, a Visa, só aprova como emissor instituições financeiras. Das bandeiras internacionais, no entanto, a Visa é a que já tem produtos pré-pagos bastante consolidados no Brasil, caso do cartão de refeição Visa Vale. Recentemente a Visa vendeu sua participação na CBSS, que emitia os cartões de refeição com exclusividade.
Segundo Boanerges Ramos Freire, presidente do Grupo Setorial de Pré-Pagos, capítulo brasileiro do Prepaid Internacional Fórum, há muitas empresas novas e em gestação no país interessadas em pré-pagos — e que não necessariamente são instituições financeiras. “É um negócio que exige inovação”, diz.
O primeiro produto da linha de pré-pago da Mastercard, lançado nesta semana, foi um cartão para viagem, cujo principal concorrente é o já estabelecido Visa Travel Money. A American Express também acaba de lançar um cartão para o segmento. “Este é o primeiro produto de uma linha que vai contar com cartões pré-pagos de presente, de incentivo, de uso genérico, para frete e refeição. “Estamos caminhando para ter um portfólio completo e amplo”, diz Caldart.
Dessa forma, a Mastercard parte para o ataque de um terreno em que a Visa já explora com os produtos Visa Travel Money, Visa Cargo (voltado ao setor de frete) e Visa Vale. Agora cabe ao mercado escolher a estratégia que mais se encaixa em seus negócios.
Nenhum comentário:
Postar um comentário