jornal Brasil Econômico 22/03/2011 – Thais Folego
Com o esforço do mercado brasileiro de cartões para colocar chip nos plásticos, as fraudes migraram para outros lugares.
Um deles, foi para cartões de bandeiras regionais e cartões de lojas (os chamados private labels), que normalmente têm um nível de segurança menor do que o de grandes instituições financeiras. Uma nova parceria de duas companhias do setor, porém, pretende mudar isso.
A Horus, consultoria brasileira de detecção e prevenção à fraude, e a PayTrue, empresa de soluções de meios de pagamentos eletrônicos, acabam de acertar uma joint venture para oferecer o serviço de monitoração e prevenção à fraude para instituições emissoras de cartões, sejam elas bancos ou varejo financeiro.
A ideia é juntar o expertise de consultoria de uma (Horus) e a tecnologia de sistemas da outra (PayTrue) para oferecer esse serviço de forma nova no mercado brasileiro: a instituição paga pelo que usa. “O banco ou varejo vai pagar por transação ou por número de cartões emitidos que vamos monitorar. Dessa forma, ela paga pelo tamanho do risco a que seus cartões estão expostos”, conta Eduardo Daghum, sócio-diretor da Horus.
Com quase 20 anos de atuação no mercado de cartões, Gonzalo Paez, vice presidente da PayTrue responsável pela operação brasileira, diz que só viu esse serviço sendo oferecido nesse modelo nos Estados Unidos e Canadá. Com sede no Uruguai, a PayTrue tem atuação nos EUA, México e Brasil, onde tem Visa, Riachuelo, GetNet, Cetelem, Fidelity, Banco Carrefour e CSU CardSystem entre seus clientes.
Maior risco
Daghum explica que depois que o mercado brasileiro de cartões migrou para o chip, a fraude rumou para três caminhos: para o comércio eletrônico, para cartões com baixos limites de crédito que não foram chipados e, terceiro, falsidade ideológica, em que de posse de documentos falsos os fraudadores fazem cartões em nome das vítimas.
“Além disso, com o fim da exclusividade no mercado de cartões, muitas bandeiras de cartões regionais estão fazendo parceria com Redecard e Cielo, passando a ser aceitas em todo o país, o que aumenta bastante a exposição de risco dos cartões”, diz Daghum.
No caso de fraude, a parte da cadeia de cartões que arca com a perda é o emissor do cartão, pois é quem autoriza as transações. Para se proteger, as instituições compram licenças de plataformas tecnológicas de detecção e prevenção à fraude, além de montar uma equipe para monitorar e decidir sobre a liberação de uma transação em que o sistema tenha detectado indícios de fraude.
“Um projeto como esse, que inclui licenças de plataformas por três anos mais toda a infraestrutura de serviços e pessoas custa entre R$ 2 milhões e R$ 4 milhões para uma empresa de médio porte”, diz Paez.
No modelo de negócios “paga pelo que usa”, o custo inicial passa a ser de R$ 50 mil, segundo Daghum. “Estamos oferecendo um modelo especialista com o nível de infraestrutura dos grandes bancos, mas com um sistema de precificação que empresas menores possam pagar”, garante.
Segundo ele, o serviço já tem interessado, também, grandes corporações. “Já fomos procurados por grandes bancos interessados em terceirizar sua área de prevenção a fraude”, conta Daghum. Para disponibilizar o serviço, Horus e PayTrue estão fazendo investimento de R$ 10 milhões em três anos.
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