jornal Valor Econômico 23/03/2011 - Adriana Cotias
O Brasil é o primeiro país das Américas e o segundo do mundo que a American Express (Amex) escolheu para emitir o seu batizado Global Travel Card, um cartão de viagem pré-pago, recarregável em moeda estrangeira e que chega para concorrer com o Visa Travel Money, da Visa, e o recém-lançado MasterCard Cash Passport, da MasterCard. Os plásticos começaram a ser vendidos nas agências do Itaú Unibanco, mas a Amex já tem acordos selados com Banco do Brasil, Bradesco e Santander. Segundo a vice-presidente do segmento de pré-pagos da região, Rose Meire Del Col, a marca tem a ambição de movimentar US$ 1 bilhão por ano com o novo cartão.
Embora tenha vendido por US$ 490 milhões as operações no Brasil (o Bankpar) para o Bradesco em 2006 - o que deu ao banco a exclusividade para credenciar estabelecimentos, emitir e distribuir o portfólio de cartões "membership reward", aqueles que só aparecem com o nome American Express e são a porta para o programa de fidelidade mais antigo do mundo -, a Amex mantém um escritório no país. Tem o Banco do Brasil e o HSBC como emissores dos seus cartões, mas nesses casos a Amex só aparece como bandeira.
No Global Travel Card, a Amex será também a emissora, o que significa cuidar de toda a logística de distribuição dos cartões nas agências dos bancos parceiros e da retaguarda de atendimento no exterior. Com esse modelo de negócio, que replica o de venda de cheques de viagem, venceu a resistência das instituições financeiras ao cartão turismo, que por anos foi oferta praticamente exclusiva da Cotação DTVM, corretora de câmbio do Banco Rendimento, emissor do Visa Travel Money.
"Dentro do universo cartões, a parcela de viagens era pequena para justificar uma estrutura dessas, mas como emissora a Amex dá a escala necessária para tornar o produto rentável", explica Rose. Os bancos ganham com a operação de câmbio e também são comissionados pela venda aos seus clientes.
A opção de privilegiar o Brasil, logo depois da Austrália no orçamento mundial para a oferta do cartão turismo justifica-se pela expansão dos gastos do brasileiro no exterior. Pelos dados do Banco Central (BC), tais despesas somaram R$ 16,4 bilhões no ano passado, 50,7% acima de 2009. "Na média, o brasileiro gasta US$ 3,5 mil numa viagem internacional e boa parte disso ainda é feita em dinheiro", afirma a executiva. Os Estados Unidos, principal mercado da marca na venda de travelers cheques não entrou no rol de países-alvo nesse primeiro momento, até pelo fato de o dólar ser uma moeda mundialmente aceita. "Já o brasileiro sempre teve a cultura de fazer a operação de câmbio antes de viajar."
O Global Travel Card é carregável em dólar, euro e libras, com, respectivamente, um custo por saque de US$ 2,50, € 2,50 ou 1,70 libra. A modalidade turismo escapa do salgado IOF, de 2,38%, que incide nos gastos feitos no exterior com cartões de crédito, já que se trata de uma transação de câmbio - com IOF de 0,38%.
No segmento de pré-pagos, grande tendência para o Brasil, conforme planos da Visa, da MasterCard e da nova bandeira elo, de Bradesco e Banco do Brasil, essa será uma primeira experiência da Amex no país. "Depois vamos estudar a viabilidade de outros produtos", diz Rose. Nos EUA, a Amex tem uma ampla gama de cartões presente, mas à primeira vista essa não era uma linha que tivesse aderência ao mercado brasileiro. Lá, os cartões recarregáveis também têm o seu púbico, usados como moedeiros.
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