jornal Valor Econômico 11/03/2011 - Moacir Drska
Para sobreviver no mercado empresarial, não são raros os casos de companhias que se desviam da rota traçada no início de suas operações para enveredar por novas trilhas. A trajetória da AeC ilustra bem esse cenário. A empresa mineira iniciou suas atividades em 1992, com foco no licenciamento de software e nos serviços de tecnologia da informação (TI). Seis anos depois, a companhia passou a investir em serviços de call center, que se tornaram seu principal negócio, respondendo hoje por 72% das suas receitas.
Agora, a AeC ensaia uma nova reorganização, na qual a área de TI volta a ser um dos pilares para que a empresa amplie seu foco e ganhe terreno no mercado de terceirização de processos de negócios (BPO, na sigla em inglês), ou seja, transferir a administração de determinada atividade para um parceiro.
A reestruturação da AeC envolve a divisão dos negócios da companhia em duas unidades. A área de contact center passa a responder pelos serviços de atendimento ao cliente, entre eles o call center. A divisão de BPO, por sua vez, reúne os serviços de consultoria e de TI, que incluem licenciamento de software, gestão de projetos e o Hospitale, sistema de gestão para a área de saúde.
"Decidimos concentrar as ofertas de TI, pois elas estavam muito dispersas, em virtude até do crescimento do call center", explica Cássio Rocha de Azevedo, sócio-fundador da AeC, ao lado de Antônio Guilherme Noronha Luz.
Azevedo diz que o processo se estende a uma nova sede em Belo Horizonte, que abriga áreas estratégicas, antes distribuídas em diferentes unidades. A reformulação inclui as contratações de Érico Carvalho, para comandar a divisão de BPO, e de Alexandre Moreira, como executivo-chefe. Os sócios ficam no conselho de administração.
Segundo Azevedo, a ideia é usar a proximidade atual entre a TI e as áreas operacionais e estratégicas das empresas como ponto de partida para mapear processos de negócios que podem ser aprimorados por meio da terceirização.
Com um aporte de 10 milhões, a primeira oferta dessa estratégia é voltada à área de saúde, com base no conhecimento adquirido nos projetos do Hospitale. O pacote inclui desde o fornecimento de equipamentos e softwares até a gestão de processos críticos de hospitais, como controle do estoque de medicamentos.
A expectativa é de que o BPO em saúde gere uma receita de 10 milhões em 2011, diz Luz. "Já temos dez clientes e estamos negociando com outros três hospitais".
Azevedo acrescenta que os esforços para impulsionar a área de BPO incluem negociações em andamento com três empresas do setor. "Estamos avaliando uma possível aquisição, uma fusão ou mesmo a compra de um portfólio para incrementar nossa oferta", afirma.
Com uma receita de 285 milhões em 2010 e expectativa de atingir 370 milhões nesse ano, o objetivo é dobrar de tamanho até 2013, diz Azevedo.
A AeC ocupa a 6ª posição no ranking de call centers, no qual as grandes empresas se alternam na liderança: Atento, da Telefônica; Contax, da Oi; e Dedic, da Portugal Telecom, essas duas últimas em vias de fundirem suas operações.
A AeC investiu 18 milhões em seu sexto centro de atendimento, diz Moreira. Outros quatro call centers estão localizados em Belo Horizonte e um em São Paulo, totalizando 6,5 mil posições. Em operação desde fevereiro, a nova unidade foi construída em Montes Claros, Norte de Minas Gerais. "Ganhamos capilaridade e vamos ampliar nossa capacidade com mais mil postos de atendimento", diz o executivo.
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