jornal Valor Econômico 01/08/2011 - Ana Paula Ragazzi e Carolina Mandl
A Serviços e Tecnologia de Pagamentos (STP), dona dos sistemas de captura eletrônica de pagamento de pedágios Sem Parar e Via Fácil, está à procura de mais sócios. Com a chegada de novos acionistas, a empresa busca ampliar seus serviços de cobrança automática, transformando a tecnologia em uma espécie de cartão de crédito para pagamento em postos de gasolina e fretes de caminhoneiros. Cerca de seis fundos de "private equity" avaliam comprar uma fatia da STP, apurou o Valor.
Hoje, a empresa tem como sócios as principais empresas de concessões rodoviárias do país: CCR (38,25%), CCBR Catel (35%), Ecorodovias (12.75%), GSMP (9,32%) e OHL Brasil (4,68%).
Segundo o Valor apurou, as concessionárias não devem sair do negócio. O novo sócio deve ficar com uma fatia significativa da companhia, tomando um pouco da dianteira das discussões na empresa, que hoje estão bastante descentralizadas. Para alguns interessados na operação, a manutenção das concessionárias é necessária pelo entendimento que elas possuem do trânsito nas estradas.
"Para fazer essas ampliações, podemos buscar especialistas nesses setores, que terão competências para agregar ao negócio", diz Pedro Donda, presidente da STP.
A abertura de capital na bolsa de valores também chegou a ser analisada pela companhia. O plano, porém, encontrou como dificuldade um cenário mais difícil para as ofertas de ações.
Atualmente, mais de e 2,9 milhões de veículos utilizam o sistema, que é responsável, em média, por 38% das passagens nos pedágios, e já ultrapassa 70% em algumas praças.
No início da semana passada, o governo de São Paulo divulgou estudos realizados por um grupo de trabalho sobre o pedágio eletrônico. Além de anunciar testes para começar a fazer cobrança por quilômetro rodado, informou que deverá haver mudanças que podem afetar o atual modelo do Sem Parar para a cobrança nos pedágios.
A empresa faz a cobrança em estradas que são concessões. O serviço funciona por meio de um dispositivo (tag) instalado no vidro dianteiro dos automóveis. Com o aparelho, o veículo não precisa parar nos pedágio - nem fazer os pagamentos nos caixas dos shoppings que oferecem os serviços.
O negócio, na visão de analistas, é comparado ao de um cartão de crédito. Quando instala o dispositivo, o usuário paga uma taxa e depois também são cobradas mensalidades.
Essa forma de cobrança entrou no radar do governo paulista. No caso dos pedágios em rodovias, a cobrança automática garante uma renda extra à empresa. A avaliação é que essa receita está sendo obtida fora dos parâmetros da concessão, que prevê a cobrança dos pedágios, mas não o ganho com as taxas cobradas pelo Sem Parar.
O grupo de trabalho informou que está em estudo transformar também o pedágio eletrônico em uma concessão. Por estar ciente de que poderá ser alvo de alguma mudança regulatória, a STP procura formas de expandir seus negócios para outros segmentos. "O desafio é criar serviços de maior valor agregado para que as pessoas queiram pagar pelo sistema", diz um executivo que participa das negociações em torno da STP.
Donda informa que a STP está acompanhando os trabalhos do grupo de estudo do governo paulista e que nada do que foi anunciado surpreendeu a empresa. Ele afirmou que ainda não está decidido se o serviço passará a ser oferecido por meio de uma concessão.
"Se for uma concessão, ou se for aberta algum tipo de concorrência, vamos participar do processo", afirma o executivo. "Temos anos de experiência e todas as condições de vencer", diz.
Ele afirma que o governo deseja uma tecnologia mais moderna e barata para o serviço. "O usuário poderá deixar de pagar pelo tag, por exemplo. Mas, se ele não pagar, haverá outra solução. O governo poderá fornecê-la, por exemplo. A empresa não vai deixar de contar com essas receitas", diz Donda, reforçando que está aguardando a definição do novo modelo de cobrança e remuneração por parte do governo.
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