jornal Brasil Econômico 31/05/2011 – Ana Paula Ribeiro
O Banco Central (BC) espera elevar o número de correspondentes cambiais para conseguir suprir toda a demanda por operações de câmbio que será exigida do sistema financeiro do país durante a realização de grandes eventos esportivos, como Copa do Mundo, em2014, e Olimpíadas, em 2016. "Podemos dar maior capilaridade a essa rede. O correspondente nos abre um leque de opções muito grande", afirma Sérgio Odilon dos Santos, chefe do Departamento de Normas do BC.
Na avaliação da autoridade monetária, a maior presença desse modelo de correspondentes no país - que podem ser instalados em agências de turismo e hotéis - ampliaria a distribuição geográfica dos pontos de atendimento, facilitando a troca de moeda estrangeira e transferências de pequenos valores.
No país, existem mais de 130 mil correspondentes bancários, que funcionam em estabelecimentos comerciais e fazem o recebimento de pagamento e de propostas de crédito, entre outros serviços. Já os cambiais somam apenas 807.
Caso sejam feitos alguns ajustes na regulação, o potencial dessa rede é grande, na avaliação de Odilon dos Anjos. A operação é sempre de responsabilidade de uma instituição financeira (banco ou corretora) que contrata um prestador de serviço da área de turismo para ser o seu correspondente cambial.
Para facilitar o crescimento dessa rede, o BC permitiu, com a resolução 3.594, que lotéricas e agências dos correios também atuem como correspondentes cambiais vinculados a uma instituição financeira. No entanto, esse modelo de contratação gera temores nos bancos. A maior queixa é em relação à segurança do local em que o potencial correspondente está estabelecido e a operação em si, uma vez que é o banco ou a corretora quem tem de atender às exigências de transparência e regras contra lavagem de dinheiro. "Mas o banco ou corretora poderia limitar essa condição, estipulando um valor para a operação", considera Santos, que participou ontem do seminário "Preparando o Mercado de Câmbio para a Copa 2014",organizado pelo BC.
Alexandre Tombini, presidente do BC, defende a melhora dessa regulação. "Precisamos saber até que ponto a regulação está adequada a esses novos desafios", pondera. Os avanços, no entanto, devem ocorrer respeitando as regras de prevenção à lavagem de dinheiro, segundo o presidente do BC.
Nos últimos anos, o BC já adotou algumas medidas para simplificar as operações de câmbio. Compras até US$ 3 mil, por exemplo, podem ser feitas sem contrato e a instituição que intermediou a operação faz a comunicação ao BC apenas uma vez por mês. A estimativa é que sejam feitas, por mês, 80 mil operações com valor dentro desse limite.
A maior parte dessas operações decorre do aumento do fluxo de turistas brasileiros ao exterior, mas o país também se prepara para receber um grande número de estrangeiros no país com os eventos esportivos. "Temos que garantir transferências de pequenos valores a um menor custo e de forma mais ágil", defende o gerente-executivo de Câmbio e Normatização do BC, Geraldo Magela.
Ele lembra que alguns locais sede da Copa têm baixa presença de pontos de atendimento para serviços de câmbio. Em Recife, por exemplo, existem apenas quatro correspondentes cambiais e, em Natal, 11. "Temos também que pensar a situação fora dos grandes centros, que são pontos turísticos."
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