27 de jun. de 2011

SEGURADORAS MIRAM BAIXA RENDA PARA PROTEÇÃO RESIDENCIAL

jornal Brasil Econômico 24/06/2011 – Flávia Furlan

Os seguros residenciais cresceram 10% entre 2009 e 2010, abaixo da média de 15% do mercado segurador como um todo. No entanto, desde janeiro deste ano, a modalidade já cresce 16%. Para sustentar o avanço, porém, as seguradoras que atuam com este tipo de produto devem superar alguns desafios. Entre eles, estão os eventos naturais causados pelas mudanças climáticas, que têm aumenado a sinistralidade.

De acordo com o vice-presidente de produtos da Liberty, Paulo Umeki, as mudanças climáticas fazem com que não se consiga prever onde acontecerão os desastres naturais, que acabam por causar grandes prejuízos ao setor. "Nas cidades do interior, os eventos climáticos pesam muito no seguro residencial. Antes, se sabia onde eles aconteciam, mas agora não se sabe mais. Nosso trabalho é ver um preço acessível para o produto, tendo em vista a alta sinistralidade", pondera.

Outro desafio, segundo o gerente executivo do Santander, Walter Viegas, é tornar a venda do seguro residencial mais simplificada e acessível ao público-alvo. "Neste ponto, os órgãos reguladores do mercado têm um papel importante", diz. O que o mercado pretende é aumentar a participação do seguro nas classes sociais mais baixas, C e D, mas para isso é preciso pensar em um novo modelo para o produto.

"Temos como plano oferecer seguro com menor valor e com forma de pagamento mais fácil, como débito em conta corrente, por exemplo. Porque, se mandarmos um boleto no valor de R$ 100 e, para isso, tivermos de gastar R$ 12 para emissão do documento, o modelo não se torna viável. É preciso pensar em medidas de massificação".

Boom imobiliário

O boom imobiliário que aconteceu no Brasil nos últimos anos ajudou o mercado de seguro residencial, mas poderia ter ajudado ainda mais, na opinião dos especialistas. Segundo Umeki, da Liberty, a contribuição seria maior se o segurado pudesse apresentar uma apólice na hora de fechar o financiamento, em que poderia incluir coberturas de seguro residencial. "Hoje, o próprio agente financeiro é que faz a oferta", conta o executivo.

Viegas explica que a maioria das pessoas confunde o seguro residencial com o habitacional, obrigatório a quem financia imóvel pelo Sistema Financeiro de Habitação (SFH).

No caso do seguro habitacional obrigatório, além da dívida do financiamento em caso de falecimento do segurado, a reconstrução ou restauração da estrutura física do imóvel para mantê-lo como garantia do financiamento estão incluídos. Este seguro não cobre todas as benfeitorias, como mobiliário, equipamentos e demais pertences em caso de danos ao imóvel. “E, mais importante, não cobre o roubo dos bens do imóvel, como acontece como seguro residencial".

Concorrência

Como o seguro residencial não é um produto que apresenta demanda espontânea por parte dos clientes, o setor acaba sendo agressivo em suas políticas. "A competição neste mercado é grande, porque ele está em ascensão e é pouco difundido ainda no Brasil", diz a gerente de produtos da Zurich Seguros, Janete Tani. Para se ter uma ideia, a receita com o seguro residencial representa 2,4% da total do mercado.

Para lidar com a competição acirrada entre as seguradoras, Janete afirma que o mercado busca a reformulação dos produtos, tornando-os mais atrativos do ponto de vista das coberturas e na oferta de novos serviços e assistências. "Estes serviços agregam valor ao produto e têm incentivado o crescimento no número de pessoas interessadas", afirma Janete.

Na Zurich, a última novidade é o desenvolvimento do produto para a terceira idade, que num primeiro momento será oferecido aos aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) que recebem seus benefícios pelo Banco Mercantil. "As inovações buscam diferenciar o produto, através de serviços, benefícios e assistências agregadas", diz Viegas, do Santander, seguradora que oferece desconto de 50% nas quatro primeiras parcelas do seguro contratado em junho e julho.

Além destas inovações, o mercado amplia cada vez mais as opções de serviços no seguro residencial. É possível ter cobertura de incêndio, queda de raio e explosão, roubo de bens e danos elétricos. Além disso, os seguros também possuem serviço de assistência 24 horas e de reparos gratuitos de eletrodomésticos de linha branca.

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