30 de jun. de 2011
BANDEIRAS DE CARTÃO INVESTEM PARA CONHECER E ALCANÇAR A CLASSE C
jornal Brasil Econômico 29/06/2011 – Flávia Furlan
Nos últimos anos, as bandeiras de cartões de crédito têm movido mais esforços para alcançar a classe C, aquela com renda domiciliar mensal entre R$ 1.200 e R$ 5.174. Isso porque ela não para de crescer — para se ter uma ideia, ela atingiu neste ano nada menos do que 105,4 milhões de pessoas, mais de duas vezes a população da Espanha. As companhias têm investido empesquisas para saber os hábitos de consumo da classe C e, assim, oferecer serviços e promoções por meio do cartão de crédito para aumentar a participação neste mercado.
De acordo com a vice-presidente de marketing da Mastercard no Brasil e Cone Sul, Beatriz Galloni, a empresa sempre teve a preocupação coma classe C,mas com esse “boom”, está olhando com mais cuidado para o segmento. "Começamos a oferecer mais benefícios para este público porque eles são tão exigentes quanto as classes A e B. Eles querem vivenciar algo diferente do que já vivenciaram", afirma a executiva, que exemplifica com a parceria de quase três anos coma CVC para dar viagens a quem nunca teve esta oportunidade.
Dentro da classe C, é a mulher que atrai a atenção da bandeira. "Porque é ela quem decide cerca de 80% das compras", diz a executiva.
A Visa também tem se preocupado em estudar esse público. "O primeiro grande passo é definir os perfis desses indivíduos, para conseguir gerar propostas de valor", diz o diretor executivo sênior de produtos, Percival Jatobá, que em pesquisa destaca três perfis nesta classe: o financeiro (considera crédito e usa cartões), institucional (desconfia das linhas de crédito e não costuma usar cartão) e o desconfiado (recorre mais ao varejo ou à microeconomia, sem usar os plásticos).
Uma pesquisa realizada pela bandeira com 1,1 mil pessoas, com amostra aleatória de residências, revelou que a penetração do cartão de crédito na classe C chegou a 51%. A prova de que esta classe tem hábitos similares às das mais altas está nos dados da pesquisa que mostram que 28% dos consumidores da classe C usam o cartão de crédito nos supermercados, ante 30% da classe A. Nas farmácias, o índice é de 20% para a classe C e de 22% para a A, percentuais próximos.
O levantamento aponta que, em 2010, 71% dos pagamentos feitos nas compras pela internet, 54% dos pagamentos de passagens aéreas e 40%dos pagamentos de móveis foram feitos pela classe C com cartões de crédito.
Concorrência
Em relação à concorrência nesse mercado, Beatriz considera que é mais acirrada do que nas classes de renda mais alta. "Existem muitos cartões de varejistas e muitas outras oportunidades de crédito para essa população. No público de alta renda é diferente, até porque há um número menor de marcas para atendê-los, pelo menor número de pessoas", justifica.
Para sair à frente, Jatobá, da Visa, indica que é preciso estar onde esta população compra. "Aceitação é fundamental ou então o consumidor vai comprar com dinheiro", diz o executivo. Ele aponta como desafios para chegar a essa população a educação e a segurança, com o investimento em mecanismos que façam com que estas pessoas se sintam à vontade usando o cartão.
Para a população de menor renda, Beatriz diz que existe uma preocupação maior como pagamento em dia das contas. "O consumidor da classe C se preocupa muito com o nome, para ter um bom relacionamento social", afirma.
A bandeira, explica, incentiva o uso do meio de pagamento cartão de crédito no lugar de outros, sem campanhas que façam com que o consumidor seja levado a comprar mais do que precisa.
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