20 de jun. de 2011

COM AQUISIÇÃO DE MAIS AÇÕES, CASINO MANDA RECADO A DINIZ

jornal DCI 17/06/2011 - Gleyma Lima e Agências

Em uma ação de defesa contra as ações do sócio Abílio Diniz no Grupo Pão de Açúcar (GPA), o grupo francês Casino começa a agir para se blindar no mercado brasileiro supermercadista, que faturou R$ 185 bilhões ano passado e no qual o GPA é líder, com participação de R$ 31,6 bilhões. Ontem o grupo francês deu mais um passo para se defender e anunciou ter aumentado sua participação no Pão de Açúcar em 3,3%, chegando agora a 37%, ao investir U$ 363 milhões na operação. Além disso, segundo analistas de varejo, o Casino não descarta a arbitragem internacional caso seja necessário fazer frente à concorrência pelas ações.

Para os especialistas do setor, nessa movimentação há quatro recados para o sócio Abílio Diniz no Grupo GPA: "Não vamos dar o controle da subsidiária brasileira em 2012. Temos mais que um terço das ações. A prioridade é investir e controlar a maior rede supermercadista do Brasil. Podemos aumentar nosso poder de decisão por meio de uma arbitragem internacional. " Tanto que no comunicado os franceses afirmam: "O Casino reitera sua intenção de fortalecer o desenvolvimento de longo prazo do Grupo Pão de Açúcar, bem como a posição do grupo em mercados em rápido crescimento", aponta a rede.

Para o advogado da Demarest e Almeida Advogados, Mário Nogueira, isso sinaliza que pode existir cláusula contratual que dê mais direitos ao Casino. Além disso, a ação coloca o grupo francês com um maior poder de número de ações dentro do GPA no Brasil. "Agora eles possuem mais do que um terço, o que lhes pode dar uma força maior em caso de uma briga judicial, dependendo do que foi acordado entre as partes no contrato", explica. Ele afirma que no futuro esse cálculo do conselho possa dar alguma diferença, o que consequentemente irá beneficiar os franceses na disputa por votos a favor, para futuras decisões. Afinal, o Casino já é visto como o que foi traído pelo Diniz desde que este contatou o Carrefour, principal rival do Casino na França, sem permissão, para discutir uma possível aliança.

Para o professor do Programa de Administração do Varejo (Provar) José Lupoli, o Casino também se mostra empenhado em continuar investindo no Brasil, devido a uma rentabilidade melhor no retorno de investimentos do que a Europa. "Apesar da desaceleração, o nosso País no setor do varejo se mostra muito melhor do que os países europeus e com mais possibilidade de crescimento e retorno rápido", explicou.

Europa

Ainda na França, quem também resolveu se posicionar foi o Carrefour, que deslocou o diretor de suas operações na Europa para a unidade da companhia na capital parisiense, em sua mais recente estratégia para conquistar a confiança de investidores em seu plano de recuperação. O Carrefour, que deve enfrentar investidores em um encontro anual na terça-feira, afirmou - em comunicado - que o veterano na companhia Noel Prioux [posto no comando das operações na Europa apenas um mês antes] agora vai dirigir a unidade da companhia na França. O Carrefour também nomeou Thomas Huebner, suíço que trabalhou no McDonald's e também dirigiu uma série de start-ups do setor de logística, como novo chefe das operações na Europa. O presidente Executivo Lars Olofsson continuará a cuidar dos negócios na França, enquanto Prioux implementa um plano de recuperação para mudar o rumo das operações, afirmou o Carrefour. "A situação na França está difícil e fica cada vez mais", disse um analista, de Paris.

O grupo francês divulgou recentemente planos de transformar a Dia, terceira maior rede de lojas de desconto do mundo, em termos de vendas anuais, e alguns ativos europeus na área imobiliária em companhias separadas e listadas. A listagem da Dia na Bolsa de Madri depende da aprovação dos acionistas em assembléia marcada para o dia 21 e, caso aprovada, deverá ocorrer em 5 de julho.

De acordo com os jornais internacionais, os ativos do Carrefour no Brasil são avaliados entre R$ 11,5 bilhões e R$ 16,5 bilhões. A rede francesa fechou o ano de 2010 com 654 lojas, segundo ranking da Associação Brasileira de Supermercados (Abras).

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