jornal Brasil Econômico 21/06/2011 – Carolina Pereira
Notícias sobre explosões a caixas eletrônicos têm sido constantes em jornais de todo o Brasil. O que se vê são bandidos utilizando dinamites para explodir as máquinas e, assim, roubar o dinheiro armazenado dentro dos equipamentos. Para reagir aos ataques, a indústria de terminais de atendimento bancário, que engloba empresas como Diebold, Itautec, NCR e Tecban, começa a comercializar diferentes alternativas tecnológicas que têm como objetivo inibir roubos deste tipo.
A tecnologia que ficou mais conhecida é a de tingimento das notas, já que recentemente alguns caixas eletrônicos foram equipados com tintas para inutilização das cédulas em caso de explosão. No entanto, outras alternativas já surgem no mercado, como a incineração das notas, desenvolvida pela Tecban, caixas com estrutura mais reforçada, da americana NCR, e até mesmo equipamentos em3D, que não exigem contato físico com a máquina, projeto da brasileira Itautec.
Mesmo assim, o tingimento das notas continua crescendo. A primeira empresa a desenvolver esta tecnologia no Brasil foi a Tecban, responsável pelos caixas eletrônicos utilizados pela Rede24Horas, que atua como a rede complementar dos bancos, instalada em locais como pequenos comércios, por exemplo. A empresa teve cerca de 60 casos de tentativa de ataques registrados no último ano.
A companhia trabalha desde 2009 no desenvolvimento de tecnologias inspiradas no que já é utilizado em países como Bélgica, França e Suíça para combater explosões. O próximo passo, agora, é colocar em prática uma nova tecnologia: a que incinera as notas no caso de explosão.
A empresa nega, no entanto, que tenha havido falha no sistema de tingimento e afirma que este não foi o fator que motivou a implementação da alternativa de queima. De acordo com Vanderlei Reis, gerente de segurança corporativa da Tecban, não foi registrada nenhuma falha no sistema, como uma possível retirada da tinta das cédulas roubadas. "O processo de tentativa de lavagem é natural, mas não existem evidências de que seja possível. Fizemos testes e em nenhuma tinta foi removida", diz. No início de junho, a polícia apreendeu, em São Paulo, notas com tinta rosa imersas em um solvente. O produto químico foi enviado à perícia.
Segundo Carlos Alberto Pádua, vice-presidente de tecnologia da Diebold, a tinta utilizada para manchar as cédulas tem de ser similar à usada na impressão das notas. Desta forma, se for encontrada uma maneira de tirar as manchas, a coloração do dinheiro também será removida. As empresas não revelam qual é o fabricante da tinta utilizada nos caixas eletrônicos, mas um possível fornecedor seria a Sicpa, responsável pela tinta utilizada na impressão do Real. Procurada pelo Brasil Econômico, a companhia não atendeu aos pedidos de entrevista.
A Diebold aposta no tingimento das cédulas como principal forma de combate às explosões. A empresa acaba de lançar o seu kit para adaptação dos caixas com o sistema de derramamento de tinta. "Não existe material capaz de resistir às explosões com dinamite, o caminho é a destruição das notas", diz. A expectativa de Pádua é vender os kits para todo o parque de caixas do Bradesco, que é de cerca de 30 mil máquinas.
De acordo com o presidente mundial da empresa, Thomas Swidarski, a Diebold, que tem o Bradesco como um dos principais clientes, investe entre US$ 15milhões e US$ 20 milhões por ano em pesquisa de novos produtos no Brasil, com foco em segurança. O país abriga o centro de excelência da companhia americana, que fatura cerca de US$ 3 bilhões por ano.
Máquinas mais resistentes e 3D estão entre as novas tecnologias
Enquanto a Tecban e a Diebold acreditam que a tecnologia de tingimento das notas é a mais adequada para combater as explosões de caixas eletrônicos que vêm ocorrendo no Brasil, outra fabricante, a NCR, acredita que a solução aplicada na África do Sul também é indicada para o país. Trata-se de um caixa com a estrutura interna reforçada que é mais difícil de ser explodido. Elias Rogério da Silva, presidente da empresa, não dá detalhes técnicos do produto por questões de segurança, mas afirma que a empresa está trabalhando na venda desses equipamentos para os bancos locais, mas ainda não fechou nenhum contrato.
"Não vou dizer que a máquina não explode, mas ela é tão reforçada que, se explodir, o dinheiro explode junto", afirma o presidente. Silva explica que, nos mercados americano e europeu, por exemplo, mais de 80% do total de caixas eletrônicos está localizado fora das agências, ao contrário do que acontece hoje no Brasil. Por isso, a NCR, que tem cerca de 30% de participação de mercado mundialmente, desenvolveu tecnologias como a dos equipamentos reforçados.
Para a Itautec, que tem cerca de 100 mil ATMs instaladas no parque brasileiro, é preciso mudar conceitos para aumentar a segurança. "Não há muito o que fazer com relação às explosões, é preciso mudar o ambiente", diz Maurício Guizelli, diretor comercial de automação bancária. O novo ambiente a que Guizelli se refere não exige contato físico com o caixa eletrônico. O produto que a empresa planeja começar a vender no próximo ano é um equipamento que utiliza tecnologia 3D, e é operado de forma semelhante ao uso de videogames como o Nintendo Wii ou o Kinect, da Microsoft.
Só é preciso tocar no equipamento para retirar o dinheiro e, mesmo assim, o cofre pode estar bem longe dali. "Há tecnologia para manter os mecanismos de entrega a até um metro dos cofres", afirma.
De acordo com Guizelli, ainda é difícil falar em custo para o produto que, por enquanto, é apenas um protótipo. O equipamento foi lançado na semana passada durante o Ciab, evento anual da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) de tecnologia para instituições financeiras.
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