portal Correio do Brasil 24/06/2011
Desde o início de 2011, os casos de clonagem “explodiram” na Suíça, de acordo com Jean-Christophe Sauterel, porta-voz da polícia cantonal de Vaud.
“É uma prática completamente organizada, tanto pela tecnologia utilizada como pela logística”, disse.
As quadrilhas vêm principalmente da Romênia e da Bulgária. “Sabemos disso porque prendemos vários cidadãos desses países”, explica Jean-Christophe Sauterel. Os ladrões instalam um material de leitura de dados nos caixas eletrônicos dos supermercados e das estações de trem.
Segundo o porta-voz da polícia, “o problema é que o equipamento necessário está disponível na internet. Por essa razão, os casos de clonagem vem aumentando tanto na Europa e em todos os países. A França tem sido particularmente afetada. Estamos lidando com vários grupos que viajam por toda a Europa instalando seus equipamentos.”
Somas enormes
Segundo SIX Group, que oferece serviços e infraestruturas bancárias na Suíça, o número de caixas manipulados aumentou de 32 em 2009 para 135 em 2010 e 225 para os primeiros quatro meses de 2011. “Nós estimamos que o equivalente a um pouco mais de dois milhões de dólares foram roubados desta forma, de janeiro a abril. É uma soma enorme”, disse a porta-voz do grupo, Sindy Schmiegel.
O número de cartões magnéticos bloqueados devido a atividades suspeitas, para evitar possíveis fraudes, também dispararam. De 6.200 em 2009 para 22 mil nos primeiros quatro meses de 2011.
“Acreditamos que o bloqueio dos cartões pode impedir o roubo de vários milhões de francos”, explica Sindy Schmiegel. Uma vítima no cantão de Fribourg, que prefere permanecer no anonimato, disse à swissinfo que o cartão dela havia sido bloqueado pelo banco quando tentava fazer um saque em um supermercado:
“Entrei em contato com meu banco e o gerente me disse que meu cartão e o código haviam sido clonados e que os ladrões estavam tentando usar minhas informações no exterior, felizmente sem sucesso.”
Dinheiro fácil
Segundo a polícia, os ladrões agem instalando uma câmera miniatura em cima do teclado. “Eles gravam os dados do cartão usando um dispositivo astuciosamente posicionado no orifício de entrada do caixa. Desta forma, as informações contidas na tarja magnética do cartão podem ser lidas e copiadas. Às vezes eles usam um teclado falso sobre o original, que registra a composição da senha”.
“Às vezes alguém espiona a pessoa retirando dinheiro para ver o código”, diz Sindy Schmiegel. Por isso é muito importante proteger a senha.
Se os ladrões conseguem os dois tipos de informações, as do cartão magnético e a senha, eles copiam tudo em um cartão virgem com uma máquina codificadora. O novo cartão está pronto para ser usado, normalmente em outro país de onde ele foi clonado.
“É preciso um pouco de conhecimento para utilizar essas tecnologias, mas não é realmente complicado”, confirma Jean-Christophe Sauterel. A tecnologia dos cartões magnéticos não é apenas aplicada em cartões de crédito e bancários, ela se generalizou. Agora já é possível encontrar máquinas codificadoras pela internet, a preços módicos.
Na frente dos bancos
A vítima que se confidenciou com a swissinfo, mesmo não tendo sido fraudada, disse que agora fica sempre “nervosa” quando usa um caixa eletrônico ou quando paga suas coisas com cartão magnético.
“Eu vou toda semana na loja onde meu cartão foi clonado. Mas o banco me disse que é improvável que isso aconteça de novo no mesmo lugar, porque os ladrões instalam seus equipamentos e depois mudam de lugar.”
A mulher diz mudar de senha regularmente. “Não podemos fazer muito mais. O que é preocupante, é que esses criminosos parecem estar sempre na frente dos bancos. Se você não tiver sorte, sua conta pode ser esvaziada…”
Sophie Douez, swissinfo.ch
Adaptação: Fernando Hirschy
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