4 de set. de 2011

CARTÃO BNDES TEM JURO MAIS AMISTOSO

jornal Valor Econômico 31/08/2011 - Simone Goldberg

Com a economia aquecida, a despeito das projeções de um crescimento mais baixo este ano para o país, as micro, pequenas e médias empresas têm terreno fértil para expandir negócios. E em meio a um cipoal de juros altos no mercado, elas encontram taxas mais camaradas e pouca burocracia no Cartão BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

No primeiro semestre de 2011, os desembolsos do Cartão BNDES chegaram a R$ 3 bilhões e cresceram 73% em comparação com o primeiro semestre de 2010. Foram realizadas 223,7 mil operações. As projeções apontam para algo em torno de R$ 7 bilhões em liberações no total de 2011, em mais de 500 mil transações.

A se confirmar estes números, será uma expansão considerável em comparação a 2010. No ano passado, o volume de operações foi pouco superior a 334 mil, totalizando R$ 4,3 bilhões em financiamentos, com incremento de cerca de 75% em relação a 2009. Já são 430 mil cartões emitidos desde que o instrumento foi criado, em 2003. Até o final do ano, eles devem chegar 500 mil.

De acordo com o chefe do Departamento de Operações de Internet da Área de Operações Indiretas do BNDES, Ricardo Albano, a tendência é o desempenho no segundo semestre de 2011 ser melhor que no primeiro. Isso por conta de um fator sazonal. Como existe uma forte predominância de empresas do comércio entre as usuárias do cartão - entre 60% e 70% -, o movimento cresce em função de datas como o Natal.

"O cartão é um produto desenhado para o comércio, já que a indústria acaba tendo outras fontes de financiamento no próprio BNDES", explica Albano. Os cartões emitidos já somam cerca de R$ 19,6 bilhões em limite de crédito pré-aprovado para investimentos. Segundo Albano, dos portadores do cartão BNDES, 88,4% são microempresas, 9,8% pequenas e 1,8% médias.

A cobertura do cartão BNDES vem evoluindo. Se em 2007 alcançava 2011 municípios, de 2010 até o primeiro semestre de 2011 avançou e registrou operações em 4.590 municípios, o que equivale a 81,2% do total. Um dos objetivos do banco, diz Albano, é ampliar esse alcance. "Queremos avançar mais ainda com a pulverização do crédito do BNDES e chegar, o mais breve possível, a 100% dos municípios brasileiro".

Albano diz que essa meta não será cumprida em 2011, já que para cobrir a totalidade do país é necessário fechar novas parcerias com agentes financeiros. Mas para 2012, comenta o executivo, novos bancos devem se juntar à lista dos cinco atuais - Bradesco, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Banrisul e Itaú - como emissores do Cartão BNDES. "Em geral é a base de clientes que pede ao banco que ofereça o cartão BNDES, pois é uma maneira de fidelizar clientes", observa.

O Cartão BNDES é uma linha de crédito rotativo pré-aprovado, de até R$ 1 milhão por banco emissor, com prestações fixas, prazo de pagamento de três a 48 meses e taxa de juros de 1% ao mês, em agosto. E as empresas podem ter mais de um cartão - um de cada banco emissor, por exemplo -, o que aumentaria seu limite total de crédito. O cartão serve para aquisição dos mais de 160 mil itens cadastrados no Portal de Operações do Cartão BNDES por fornecedores credenciados.

As compras são realizadas diretamente pelo portal, o que lhe confere lugar de destaque no comércio eletrônico nacional: o cartão BNDES já responde por 30% dessa modalidade de negócios no país. O tíquete médio das operações é de cerca de R$ 15 mil. Para ter acesso ao instrumento de crédito, explica Albano, a empresa deve faturar até R$ 90 milhões por ano, estar em dia com os tributos e passar pela análise de crédito do banco emissor.

Ele conta que o risco da operação é do banco emissor e que os índices de inadimplência - não divulgados - são baixos. "Geralmente quem está bem do ponto de vista fiscal dificilmente fica inadimplente", observa o executivo do BNDES. Poucas empresas portadoras do Cartão BNDES têm o limite máximo. Segundo Albano, o limite médio é de R$ 46 mil.

Albano aponta algumas razões para essa dificuldade dos menores: ausência de garantias, de confiança e às vezes até desconhecimento dos produtos e instrumentos de crédito disponíveis. O cartão, um "produto de prateleira" do banco, diz, cresce muito em períodos de crise, pois é especialmente voltado para um segmento que mais necessita de apoio. No primeiro semestre deste ano foram emitidos 67,5 mil cartões. No ano passado, 105,5 mil e em 2009, 87 mil.

Cerca de 15% dos desembolsos do cartão vão para a aquisição de veículos comerciais leves, como utilitários. "Outro item muito financiado pelo cartão são computadores e motocicletas", diz Albano. Mas no geral, as compras são muito pulverizadas e estão espalhadas por vários setores. No primeiro semestre deste ano, o cartão ajudou mais de cem mil micro, pequenas e médias empresas. Um detalhe interessante das estatísticas do cartão BNDES é que, na primeira metade de 2011, houve uma predominância de compras locais.

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