18 de set. de 2011

LATINOS VÃO LIDERAR RENTABILIDADE

jornal Valor Econômico 12/09/2011 - Assis Moreira

Os bancos da América Latina serão os mais rentáveis no mundo em 2011, seguidos pelos asiáticos. Enquanto os principais bancos centrais do mundo examinam hoje em Basileia a difícil situação do setor bancário europeu, é justamente o departamento de pesquisa de uma instituição financeira da região que faz tal análise. O Deutsche Bank projeta para os emergentes crescimento econômico de 4% a 6% nos próximos cinco anos, com a fatia desses países no Produto Interno Bruto (PIB) global superando os 40% até 2016, puxados pela Ásia. E isso significa forte potencial para o setor financeiro.

Sob esse pano de fundo, o Deutsche estima expansão média de 12% por ano na concessão de créditos nos emergentes nos próximos cinco anos. A expectativa é de que o impulso seja maior em países como Rússia, Coreia, Argentina, China e Índia.

Em 2010, a China, o Brasil e a Coreia do Sul eram os únicos emergentes com estoque de crédito superior a US$ 1 trilhão. Pelas estimativas, Rússia, Índia e Taiwan vão se juntar ao grupo até 2015.

Os bancos de varejo serão o motor. Até aqui, o setor bancário dos emergentes atingiu um estágio em que o financiamento ao consumo, crédito imobiliário e cartões de crédito são negócios dominantes. No entanto, ainda há espaço para evolução dos fundos de investimentos e de previdência.

A rentabilidade continuará sendo mais alta na América Latina. Em 2010, os bancos da região bateram os seus pares, com rentabilidade média de 20% sobre o capital próprio (ROE, na sigla em inglês), e mais de 2% de rentabilidade líquida dos ativos (ROA), o dobro do obtido por bancos das maiores economias desenvolvidas. No Brasil, no primeiro semestre, o Banco do Brasil teve uma rentabilidade anualizada sobre o patrimônio de 25,4%, seguido por Bradesco, com 22,9% e Itaú com 22,4%. O Santander, sob o modelo do IFRS, apresentou retorno de 11,1%, mas excluindo-se o ágio da aquisição do Real, atingiu 18%.

Bancos da Ásia têm obtido retorno ligeiramente inferior por conta de margens mais apertadas e um ambiente de maior competição.

Enquanto o setor bancário dos desenvolvidos tenta superar a crise atual, bancos dos emergentes estão bem capitalizados. A média de capital mínimo vai de sólidos 17% na América Latina a 13,5% na Ásia. A qualidade dos ativos é elevada, com exceção da Europa do Leste com a inadimplência na casa dos 10%.

A mudança do equilíbrio do mercado bancário global é ilustrada, por exemplo, no fato de 22% dos ativos globais dos bancos estarem hoje em mercados emergentes. Nove bancos de emergentes (cinco da China, três do Brasil e um da Rússia) estão entre os 30 maiores bancos do mundo em capitalização de mercado, comparado a nenhum em 2006.

Dois chineses, ICBC e CCB, lideram a lista dos maiores. O Itaú, Bradesco, Banco do Brasil e o Santander brasileiro têm, hoje, um valor de mercado superior aos suíços UBS e Credit Suisse.

A mudança no ranking bancário global é motivada por dois fatores. Primeiro, ofertas públicas de ações recordes, como a de bancos chineses como o ICBC em 2006 e o China Agricultural Bank em 2010, que introduziram novos pesos pesados emergentes no sistema global. Com isso, a fatia de bancos asiáticos nos ativos globais aumentou de 10% em 2000 para mais de 15% em 2009. A fatia de ativos de bancos brasileiros representa 7,1% do total global. E segundo, a crise financeira de 2008-09 atingiu o setor bancário dos desenvolvidos muito mais do que dos emergentes.

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