24 de mar. de 2011

SUCESSO COM MÁQUINAS CAPAZES DE LER CHEQUES

jornal Diário do Comércio 24/03/2011 - Giseli Cabrini

De simples prestadora de serviços de assistência técnica para leitores de códigos de barras e CMC-7 (cheques) à fabricante de equipamentos voltados à captura de dados consumidos por clientes no Brasil e no exterior. Essa reviravolta resume a trajetória da Nonus, criada em 1985 por um grupo de sócios entre eles o atual diretor técnico, José Domingos Voidella.

Da empresa de pequeno porte, localizada na zona sul da Capital, saem por ano cerca de 190 mil equipamentos. No âmbito doméstico, a carteira de clientes corporativos inclui instituições financeiras públicas e privadas – entre elas Itaú-Unibanco e Grupo Santander Brasil – redes varejistas e correspondentes bancários em agências de Correios e casas lotéricas. No exterior, entre os mercados atendidos estão países da Europa e Israel.

Desde a reestruturação na década de 90, a Nonus se mantém atenta às novas demandas por equipamentos voltados à captura de dados. Na segunda quinzena de fevereiro deste ano, começou a produção do equipamento HandbanK Image, uma versão avançada do Handbank Office.

"Simplificando, se trata da inserção de um scanner em um leitor de cheques. Ao identificar os dados do documento, o equipamento também captura a imagem do cheque", disse o diretor comercial da empresa, Marcos Canola.

Segundo Canola, esse equipamento vem ao encontro da adoção da truncagem de cheques pelos bancos. Trata-se de um processo no qual o cheque deixa de trafegar fisicamente no sistema de compensação. Ou seja, todos os cheques que chegam a uma agência bancária são digitalizados e as imagens enviadas, eletronicamente, aos bancos para iniciar o processo de compensação.

O diretor comercial da empresa não soube informar o volume que está sendo produzido do Handbank Image. "A produção irá depender dos pedidos", disse ele. O preço de cada equipamento é de, aproximadamente, US$ 700.

Atualmente, o carro-chefe da empresa é o HomebanK, equipamento voltado ao consumidor final que permite pagar contas via internet. São produzidos cerca de 50 mil peças por ano que custam, aproximadamente, R$ 115. Além do canal próprio de e-commerce, o item é vendido por meio dos sites dos bancos parceiros da Nonus e ainda em redes de varejo online como Lojas Americanas e Submarino.

Pessoas físicas – Paralelamente ao segmento corporativo, a Nonus aposta na incorporação de tecnologias digitais ao cotidiano dos brasileiros – principalmente os que fazem parte da classe C – para deixar os revezes definitivamente no passado.

De acordo com Canola, as vendas para pessoas físicas cresceram especialmente nos últimos quatro anos, acompanhando o aumento do e-commerce e do uso do internet banking. Outros fatores, também ligados à internet, contribuem para elevar as expectativas de vendas da Nonus.

Sob inspiração do HomebanK, a empresa criou outros dois produtos voltados para esse nicho. O Smartnonus, equipamento para o usuário doméstico que, além de fazer leitura de código de barras e cheques, é capaz de ler cartões com chip. Na avaliação de Canola, o novo Registro de Identidade Civil (RIC) deverá impulsionar as vendas do produto em todo o País. Isso porque o documento traz um chip no qual estarão gravados dados como nome, filiação e data de nascimento, além de informações biométricas (impressões digitais), o que possibilitará a identificação eletrônica automatizada do portador e o uso da certificação digital.

Portáteis – Enquanto isso, diante do avanço das vendas de computadores portáteis – laptops e netbooks –, a Nonus lançou o Smarthome. "Nos portáteis, os usuários têm dificuldades para plugar vários equipamentos. Nesse caso, o equipamento traz um leitor de smartcard integrado à peça", afirmou Canola.

Segundo o executivo da Nonus, todos os lançamentos são feitos com capital próprio da empresa e a maior parte dos aparelhos é desenvolvida exclusivamente dentro da Nonus. "Apenas para o Smarthome e Smarthnonus buscamos parcerias com universidades e outras empresas", disse ele. "Nos beneficiamos da Lei da Informática e destinamos 4% de todo o faturamento para a área de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D)."

Em relação aos negócios da Nonus, o diretor comercial é otimista e estima avanço de 25% a 30% na receita da empresa em 2011.

Reestruturação tirou contas do vermelho

A mudança de rumo, fundamental para a saúde financeira da Nonus que chegou a enfrentar sérias dificuldades, aconteceu em 1995. "Entrei na empresa um ano antes da reestruturação. Até aquele momento, os negócios se resumiam à assistência técnica de equipamentos de informática em geral: de microcomputadores a plotters", relembra o atual diretor comercial, Marcos Canola.

Segundo ele, foram feitos todos os esforços a fim de tirar as contas do vermelho. "Precisávamos de fôlego financeiro para investir em tecnologia." De olho nesse objetivo, 80 dos 100 funcionários foram demitidos e quatro filiais fecharam as portas. A estrutura atual tem 75 empregados e apenas a sede que fica em São Paulo.

Na nova fase, a empresa começou a buscar clientes junto aos bancos, oferecendo leitores de códigos de barra a preços mais acessíveis do que os existentes no mercado, que na época eram importados. A estratégia deu certo e mudou a história da Nonus.

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