portal Época 22/03/2011
Se depender de gigantes como a Apple e o Google, o cartão de crédito pode estar com seus dias contados. Tudo por conta de uma tecnologia chama near-field communication (NFC), que permite - entre outras coisas - realizar pagamentos simplesmente acenando com um celular na frente de um receptor adequado. De acordo com o New York Times, “é só uma questão de tempo até seu telefone celular engolir mais uma tecnologia: seu cartão de crédito”.
O post do NYT, assinado pelo jornalista Nick Bilton, autor do livro I Live in the Future & Here's How it Works (Eu vivo no futuro & é assim que ele funciona, em uma tradução livre), afirma que de acordo com fontes próximas a Apple, uma próxima versão do iPhone [não necessariamente a próxima] vai ter NFC, o que transformaria o smartphone ícone dos últimso anos em uma possível carteira digital.
Além disso, segundo o NYT, a função de crédito no novo iPhone estaria conectado aos dados do usuário no iTunes. Bilton também diz que o Google está trabalhando em funções de NFC para seu sistema operacional de celulares, o Android, assim como a Microsoft para sua plataforma Windows Phone. A recente parceria entre Microsoft e Nokia poderia ser um impulso para isso: a fabricante finlandesa também apóia o uso de NFC.
O interesse dessas empresas no mercado de pagamentos é óbvio: o potencial financeiro é na casa dos bilhões de dólares, e elas ficariam com parte disso - uma parte que, mesmo divida com empresas mais tradicionais do mercado financeiro como Visa e MasterCard [outros apoiadores do NFC], ainda poderia representar um aumento imenso de arrecadação para a indústria de tecnologia.
O que nos leva a outra coisa: O NFC não necessariamente acaba com a existência do cartão de crédito: apenas passa o número do seu Visa ou MasterCard de um cartão de plástico para a memória do seu celular. A vantagem seria comodidade - mas será melhor mesmo para os usuários? Na última quinta-feira (17), Farhad Manjoo, colunista de tecnologia da Slate, criticou duramente a ideia de pagamentos por celular.
“Eu vou te contar um segredo”, escreveu Manjoo. “O sistema perfeito de pagamento já existe. Mas inves de um celular, é um pedaço de plástico muito menos e mais leve que cabe certinho na sua carteira.” O colunista afirma que não consegue enxergar uma única razão pela qual “acenar com o meu telefone seria uma melhor maneira de pagar do que passar o meu cartão de crédito ou débito.”
Além disso, a implementação de uma estrutura para pagamentos com celulares custa dinheiro para os comerciantes - o que, na ideia de Manjoo, poderia levar ao aumento de preços. Também não há indícios de que pessoas que não querem ter máquinas de cartão de crédito teriam máquinas para pagamento com celular, e essa é talvez a maior desvantagem do cartão na perspectiva de um usuário: lugares que não aceitam.
Pagamentos com celular (não com NFC, mas outras tecnologias) já são comuns no Japão e alguns lugares da Europa, e existem há alguns anos nos EUA e no Brasil. Manjoo afirma que um cartão (de crédito ou débito) é muito mais popular entre americanos que um celular. No Brasil, por outro lado, há mais celulares que contas de banco [e que pessoas também], embora a grande maioria seja pré-pago - bem longe de um smartphone com NFC.
Você gostaria de pagar suas contas com o celular?
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