jornal Valor Econômico 23/03/2011 - Ana Paula Ragazzi
Os bancos coordenadores começaram as primeiras reuniões com investidores para apresentar a oferta inicial de ações da rede varejista Magazine Luiza.
A empresa quer captar R$ 950 milhões, sendo 68% em colocação primária, em que os recursos vão para o caixa, e o restante em venda secundária, de fatias dos atuais acionistas. A operação deve ser concluída na terceira semana de abril.
Concluída a captação, a empresa chegará à bolsa avaliada em R$ 3,7 bilhões. A família que comanda a companhia, do casal Luiza Trajano e Pelegrino José Donato, que fundou a rede em Franca, interior de São Paulo, deverá manter fatia de 69% no grupo. O fundo de participações americano Capital International manterá uma participação de 4,6%. Esse fundo, em 2005, comprou 12% do Magazine por R$ 120 milhões - ou seja, avaliou a companhia em R$ 1 bilhão. Na oferta, a empresa está avaliada em cerca de R$ 3,7 bilhões. Ficarão livres para a circulação na bolsa 26,4% do capital.
Procurado pelo Valor, o Magazine Luiza informou que está em período de silêncio por conta da oferta e não concedeu entrevista.
Os recursos que virão da distribuição primária, de cerca de R$ 645 milhões, serão usados para suportar o plano de investimentos, estimado em R$ 200 milhões em 2011 e R$ 240 milhões em 2012. A empresa deseja, nesses dois anos, aumentar em 5% ao ano a sua área de vendas.
A capacidade de ganhos com a recém-adquirida operação da Lojas Maia, no Nordeste, é um dos pontos fortes destacados na apresentação. A avaliação é a de que a produtividade das lojas do grupo nordestino deverá aumentar sob o comando do Magazine Luiza. Foram compradas 136 lojas, o que elevou o total do grupo para 536 unidades no fim de 2010. A perspectiva é que a margem Ebitda (do lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) da Maia passe dos atuais 3% para cerca de 6%, que é a faixa registrada pelo Magazine. O grupo tem a expectativa de crescimento de 17% nas vendas mesmas lojas neste ano.
O Cartão Luiza, com 2,8 milhões de unidades emitidas, responde por 39% das vendas totais do grupo. Como a proporção é bastante significativa, a empresa consegue reduzir o seu custo com descontos, pois não paga as taxas cobradas pelas administradoras de cartões, nesse caso. Em cartões de terceiro, o percentual das vendas é de 26% e tende a ser limitada a este percentual, exatamente para reduzir o custo de desconto. Outros 22% das receitas são de vendas à vista e 13%, de crédito direto ao consumidor.
A apresentação também destacou a financeira Luiza Cred, 100% de propriedade do Magazine. Em 2010, ela representou cerca de 10% do Ebitda da companhia. A financeira é avaliada em cerca de R$ 800 milhões.
O braço de vendas eletrônicas do Magazine Luiza está incorporado às atividades da empresa hoje e não existem planos de separar esse ramo de negócio para futuramente listá-lo em separado na bolsa.
As receitas de vendas eletrônicas foram de cerca de R$ 570 milhões em 2010, e o crescimento planejado para este ano é de 45%, em linha com as perspectivas para esse setor do varejo. Avaliada em cerca de R$ 3,7 bilhões, a empresa tem um EV (valor de mercado mais dívidas)/Ebitda projetado para 2011 de 10,5 vezes. Esse múltiplo relaciona o valor da empresa, incluindo sua dívida líquida, e o seu resultado operacional. Mede o quanto a empresa tem de gerar de caixa para chegar ao valor que o mercado lhe atribui. O EV/Ebitda projetado para o concorrente Pão de Açúcar é de 8,5 vezes em 2011.
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