17 de mar. de 2011

FUNDO DO PÁTRIA VIRA SÓCIO DA SUPPLIERCARD

jornal Valor Econômico 17/03/2011 - Carolina Mandl e Adriana Cotias

Sem alarde, a butique financeira Pátria começa a investir no emergente setor de cartões de crédito, por meio da sua área de "private equity". Em outubro, o Pátria comprou uma participação na administradora de cartões Suppliercard, que tem como sócio o grupo Ourinvest. A Suppliercard foi criada em 2004 por Eduardo Wagner e Mauro Wulcan, dois ex-executivos da Fininvest — financeira adquirida pelo Unibanco — e que tem como.

Pelo menos três fundos do Pátria estão investindo na empresa. O Brazilian Private Equity III aportou R$ 42 milhões na Suppliercard. Outro fundo, o Cartões Corporativos, pode chegar a ter um patrimônio de R$ 15 milhões para investir, segundo documentos entregues à Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Já o Economia Real aplicou outros R$ 571 mil.

Para cuidar da estratégia de crescimento da Suppliercard, o Pátria destacou o executivo Felipe Fonseca Montagna, que pertencia aos quadros da gestora de private equity.

A SupplierCard encontrou um nicho de negócios bastante particular para atuar, segundo Boanerges Ramos Freire, da Boanerges Cia, consultoria especializada em varejo financeiro. A empresa usa a inteligência do sistema de cartões para fornecer crédito para a cadeia de suprimentos da indústria, chegando ao varejo por essa via.
Na prática, com limites pré-aprovados, o sistema substitui o antigo crédito mercantil, no qual as grandes empresas acabavam financiando os outros entes da cadeia, como distribuidores e varejo.

O caso da Bunge é exemplar no caso da Suppliercard. A fabricante recebe à vista pela venda de farinha e na, ponta final, as padaria que são financiadas pela linha fornecida pelo banco Ourinvest por meio da Suppliercard. Outro cliente que atua no varejo é a C&C, de materiais de construção.

"A administradora analisa um crédito de pessoa jurídica, mas que requer uma gestão massificada, como o varejo", diz Freire. Para ele, foi o tamanho que o fundo de recebíveis atingiu — que hoje tem patrimônio de R$ 222 milhões — que atraiu o Pátria para o negócio. "É um modelo facilmente replicável em outros segmentos da indústria e é na escala que se rentabiliza."

No fim do ano passado, segundo relatório da agência de classificação de risco Moody's, o fundo de recebíveis tinha 80% da sua carteira em recebíveis ligados à Bunge, 7% à Danone, 7% à Frefer e 6% a outras empresas. Dentro do FIDC há recebíveis de cerca de 20 mil clientes, sendo o valor médio das parcelas de R$ 2.458,66.

A operação de cartões da Suppliercard ainda é pequena, segundo o balanço de 2009 publicado pela companhia. A administradora teve um lucro de R$ 5,9 milhões, com uma receita de R$ 18,2 milhões.

Procurado pela reportagem, o Pátria informou que não comenta sua política de investimento.

Outros fundos de private equity já investiram no setor anteriormente. Em 2001, a gestora TMG comprou a Conductor, que ainda permanece em seu portfólio. Três anos depois, foi a vez de a Rio Bravo, do ex-presidente do Banco Central Gustavo Franco entrar na bandeira Unik. Em 2007, a Gávea, do também ex-presidente do BC Armínio Fraga comprou 25% da mineira Policard, que acabou sendo revendida sem ganhos aos sócios originais da empresa de cartões.

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