portal InfoMoney 16/03/2011 - Flávia Furlan Nunes
Os brasileiros têm comprometido cada vez mais a renda para o pagamento de dívidas, revelaram dados da LCA Consultores.
Em 2003, 14% da renda auferida pelas pessoas físicas ia para o pagamento de dívidas (amortização e juros), enquanto em 2011 o percentual subiu para 22,2%.
A estimativa leva em conta dados do Banco Central, que mostram o total de dívidas das pessoas físicas, excluindo principal de cheque especial e cartão de crédito, e a renda em poder das famílias brasileiras.
Tendência
De acordo com o economista da LCA Consultores, Douglas Uemura, a tendência é de que o percentual comprometido da renda para pagamento de dívidas aumente, devido à elevação da taxa básica de juro, a Selic, que tem impacto nas taxas de juros praticadas às pessoas físicas.
Ele explicou que, em 2010, já havia acontecido uma elevação da Selic, mas que a redução do spread – diferença entre o que as instituições pagam para captar recursos e o que cobram para emprestá-los – havia segurado o aumento dos juros ao consumidor.
Porém, com novas elevações da Selic e o lançamento de medidas macroprudenciais em dezembro do ano passado, decisões do governo para conter a inflação, as taxas ao consumidor começaram a subir.
“Os juros aumentaram e os prazos e as concessões caíram. Tudo isso leva a crer que a política monetária deve restringir o crédito em 2011”, disse Uemura.
Cenário
Segundo o economista, apesar de aumento do comprometimento da renda da população com dívidas, o cenário no mercado de crédito é positivo.
“Apesar do aumento do crédito e do comprometimento da renda, a inadimplência está baixa”, afirmou, em referência a dados do Banco Central que mostraram que, em janeiro, ela esteve em 5,7% (considerando atrasos acima de 90 dias), o menor percentual desde 2001.
“Para 2011, a inadimplência deve aumentar, mas não muito, porque o mercado de trabalho está aquecido”.
Um ponto negativo no cenário apontado por Uemura é a escolha de algumas famílias pela modalidade errada de dívida, como a do cartão de crédito. “É uma alternativa que não deve ser usada corriqueiramente”, ressaltou.
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